A alavanca das concessões

A alavanca das concessões

POR GEORGE VIDOR
Coluna veiculada em 17/9/2013 no Globo a Mais, vespertino digital voltado para assinantes que o leem em Ipad:
O governo agora realmente está interessado em dar impulso a novas 
concessões na área de transportes e outros segmentos de 
infraestrutura, pois percebeu, infelizmente com certo atraso, que tais 
investimentos são capazes de alavancar a economia brasileira em uma 
conjuntura que as outras molas propulsoras sofrem enorme desgaste. 
Os investimentos em infraestrutura geram demanda por uma variada gama 
de bens e serviços, empregando pessoas com variados graus de 
qualificação profissional. E à medida que avançam proporcionam ganhos 
de produtividade significativos para o conjunto da economia. Com 
tantos aspectos positivos, fica difícil entender a razão da 
resistência anterior dos atuais governantes em relação às concessões. 
Além desse passado de preconceito político e ideológico, fatores 
recentes também contribuem para que potenciais investidores se mostrem 
desconfiados quanto às reais intenções dos governantes. No caso das 
ferrovias, como atrair novos interessados se o governo vive ameaçando 
os que já são concessionários, quando muitas das questões poderiam ser 
resolvidas pelo entendimento? Que garantia de diálogo os futuros 
concessionários (ou operadores) terão quando surgirem inevitáveis 
problemas numa trajetória de longo prazo? 
No caso das rodovias, o governo também trata o passado também com 
visível má vontade, deixando no limbo ou arrastando por anos soluções 
práticas para se superar os gargalos em estradas importantes. E com o 
agravante do congelamento de tarifas e pedágios a cada ameaça de 
manifestações. 
O segredo do bom andamento das concessões é um equilíbrio nos 
interesses das partes envolvidas: concessionarios, poder público e 
usuários. As agências reguladoras deveriam exercer esse papel, mas 
sofreram considerável desgaste no governo Lula e ainda não recuperaram 
o prestígio e o respeito que tiveram nos seus primeiros anos de ação 
mais autônoma e independente. 
Ainda é possível recuperar o tempo perdido, mas o governo talvez tenha 
de vencer as barreiras e preconceitos que criou para que as concessões 
venham a ser um sucesso.

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