A boa e a má notícia na infraestrutura

A boa e a má notícia na infraestrutura

POR GEORGE VIDOR
Coluna veiculada na edição de 16/9/2014 da revista vespertina digital O Globo a Mais, dirigiada a assinantes que a leem em tablets e smartphones:
Cláudio Frischtak, que já desempenhou a função de economista chefe do 
Banco Mundial em Washington, tem dedicado atenção especial ao 
acompanhamento dos investimentos em infraestrutura no Brasil. Sua 
empresa de consultoria (Inter B) divulga periodicamente uma Carta de 
|Infraestrutura, focando um dos segmentos que compõem o setor. 
Todos os anos é convidado pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso 
para apresentar um novo estudo no Forum Nacional (que se constitui em 
um dos mais importantes eventos de reflexão sobre o país, 
especialmente sobre a economia). Há algumas semanas, na reunião de 
apenas um dia que o Forum costuma promover no segundo semestre, 
Frischtak fez um balanço e uma avaliação dos investimentos em 
infraestrutura. 
A boa notícia é que estão se expandindo, devendo atingir finalmente o 
patamar de 2,5% do Produto Interno Bruto. A má notícia é que isso se 
deve ao fraco desempenho do PIB. Além disso, é um montante 
insuficiente até mesmo para que o "estoque" de infraestrutura não se 
deteriore. Para manter o que o país já possui em infraestrutura e 
expandi-la para atender adequadamente a demanda, o Brasil precisaria 
investir o equivalente a 4,5% do PIB. 
Em seu conjunto, os investimentos em infraestrutura devem crescer a um 
ritmo anual de 5,5% nos próximos quatro anos, supondo-se que para o 
período a média de expansão da economia será de 2,5%. 
Nesse contexto, segundo Frischtak, a boa notícia é que os 
investimentos em rodovias devem se expandir a um ritmo anual de 9%, em 
decorrências dos compromissos assumidos pelas concessionárias que 
assumiram a responsabilidade pelas estradas (e de leilão que estão 
sendo programadas). Nos demais segmentos não se espera expansão 
significativa (no setor elétrico possivelmente alguma redução, em 
decorrência da conclusão das obras de grandes hidrelétricas na 
Amazônia). Nos aeroportos, apenas o do Galeão deve agora ter obras 
aceleradas. 
A má notícia é que no saneamento básico os investimentos continuarão 
muito aquém do necessário para se atingir as metas estipuladas 
nacionalmente. Parcerias público-privadas ajudariam a incrementar 
esses investimentos, mas sofrem resistências por parte das companhias 
estaduais que hoje detêm mais de 80% desses serviços. 
Programas de mobilidade urbana também perderão fôlego porque dependem 
essencialmente de recursos públicos. União, estados e municípios estão 
com sua capacidade de investimento bem comprometidas. 

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