A licitação do campo de Libra

A licitação do campo de Libra

POR GEORGE VIDOR
Coluna veiculada no vespertino digital O Globo a Mais (endereçado a assinantes com leitura em tablets) de 16/7/2013:
Os números relativos ao campo de Libra, o primeiro na camada do 
pré-sal que será licitado dentro do novo regime de partilha de 
produção, impressionam. Se confirmados, poderiam dobrar a atual 
produção brasileira de óleo (de dois para quatro milhões de barris 
diários), e elevariam em 75% as reservas do país em petróleo e gás, 
hoje estimadas em 15 bilhões de barris. 
De acordo com a minuta do edital de licitação, o consórcio vencedor 
terá quatro anos, a partir da assinatura do contrato, para explorar 
todo o campo. A fase de desenvolvimento da produção só começaria, 
então, em 2018. No entanto, a própria Agência Nacional de Petróleo 
acredita que as etapas de desenvolvimento e início efetivo da 
produção serão antecipadas, de modo que no fim desta década Libra já 
estaria entre os principais campos em atividade no país. 
Com a décima-primeira rodada de licitações, realizada em maio, e o 
primeiro leilão sob regime de partilha, o petróleo volta a figurar 
como uma das forças motrizes capazes de modificar os rumos da economia 
brasileira. Anos atrás os economistas debateram o risco de a economia 
do país sofrer um fenômeno semelhante ao da “doença holandesa”, 
provocado pela valorização de commodities exportadas. 
A apreciação do câmbio, decorrente desse fenômeno, provocaria uma 
desindustrialização de magnitude ainda mais expressiva que o processo 
vivido no Brasil nos últimos tempos. 
Desde então, em, vez de acumulação de reservas, o Brasil tem registrar 
um crescimento do déficit em conta corrente, ainda financiado quase 
que totalmente pelo fluxo de investimentos diretos. Mas esse déficit 
crescente poderia ser uma bomba relógio se o país não tivesse a 
perspectiva de inverter tal trajetória, o que agora parece mais 
visível com o salto esperado para a produção de petróleo. 
Com a produção de Libra é muito provável que o Brasil se torne um 
grande exportador líquido (descontadas as importações de petróleo), 
com uma geração de divisas suficiente para encolher o déficit em conta 
corrente a valores insignificantes. 
Dessa forma, a licitação e Libra, se bem-sucedido, será fundamental 
para repôr a economia brasileira na rota dos investidores 
internacionais

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