A Petrobras gostou do acordo com a Bolivia
A Petrobras gostou do acordo com a Bolivia
Gostemos ou não, o Brasil continuará dependente do fornecimento de gás natural da Bolívia pelo menos até o fim desta década, e isso se de fato a produção prevista para a Bacia de Santos alcançar rapidamente o volume diário de 15 milhões de metros cúbicos (caso contrário a dependência permanecerá por muito mais tempo).
Nesse sentido, os dirigentes da Petrobras suspiraram com alívio depois do anúncio do acordo que os presidentes Lula e Evo Morales chegaram em relação ao fornecimento do gás boliviano. Pelo que ficou acertado, na visão da Petrobras, cerca de 64% do volume do gás (a fração seca, correspondente ao metano, que é basicamente a usada como combustível) continuarão regidos pelas regras do contrato atual pelo prazo de vinte anos, o que é um horizonte mais do que responsável - e até lá o Brasil pode se tornar realmente auto-suficiente. As frações úmidas (15% de etano, 12% de propano, 7% de butanos e 2% de condensados/gasolina) é que sofrerão reajustes conforme as cotações internacionais e nesse caso, existe uma justificativa técnica, pois há efetivamente um mercado global para elas, enquanto no caso do metano trata-se de uma commodity mais com características regionais, pois é comercializada em grandes volumes, e geralmente o transporte é feito por meio de dutos. O mercado para o metano vem aos poucos se ampliando com a disseminação da tecnologia do GNL (gás natural liqüefeito). Porém é um produto ainda muito caro e a produção atual está quase toda comprometida em contratos pelos próximos dois anos com grandes empresas.
Os especialistas do mercado de petróleo acham que os termos do acordo representam uma saída honrosa pala o governo de Evo Morales, que agora sim pode tentar negociar com o Brasil investimentos que venham beneficiar a Bolívia a médio e longo prazos, como é o caso do polo gás-químico previsto para a região de fronteira. E se o Brasil pagar mais 6% pelo gás (a Petrobras insiste que vai sair por menos), esse seria um custo que vale a pena a ser pago se em troca houver de fato garantia de fornecimento por vinte anos. Mas essa análise não considera a reação em cadeia junto a outros países com os quais o Brasil tem parcerias semelhantes. No caso do petróleo, as empresas estão acostumadas a essas puxadas de tapete, mas em outros setores a situação pode ser mais complicada.
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