A São Luís dos azulejos

A São Luís dos azulejos

POR GEORGE VIDOR
Tinha dado como encerrado o meu roteiro lusitano, mas com esta nota de certa forma vou continuar meio em Portugal. É que durante as férias estive rapidamente em São Luís, no Maranhão, para atender a compromisso profissional que já estava agendado. Prometi na coluna do GLOBO dar umas indicações aqui no blog. Então ei-las: O centro histórico de São Luís está cada vez mais interessante por causa da restauração do casario. O Maranhão é o estado brasileiro com menor renda por habitante, mas a economia local vai crescer muito nos próximos anos, seja em função dos empreendimentos siderúrgicos previstos para São Luís, seja pelo avanço da agricultura no Sul do Estado e pelo turismo que começa a prosperar na região. Uma viagem de cinco dias é suficiente para se conhecer as áreas de interesse turístico do Maranhão. É possível se percorrer a pé o centro histórico de São Luís em uma tarde. Os pontos de visitação são próximos uns dos outros, e os destaques ficam por conta das lojas de artesanato, a Casa do Maranhão, o Mercado das Artes, a Igreja do Desterro e o Convento das Mercês (onde está o memorial José Sarney) e o Palácio dos Leões, sede do governo estadual - construído sobre uma antiga fortaleza francesa. O casario colonial se estende da Praia Grande ao Largo do Carmo, passando pelas ruas da Estrela, da Palma, do Giz, da Alfandega e outras. A cidade remonta ao século XVI, quando os franceses tentaram ficar por lá, mas a maior parte desse casario data do século XVIII. Minha colega Viviane Medeiros, repórter da Rede Globo que agora está na afiliada de São Luís, contou-nos que originalmente as casas tinham ao rés-do-chão uma parte comercial (as senzalas dos escravaos ficavam também no primeiro andar); as famílias viviam no segundo andar; o terceiro geralmente abrigava um terraço, um mirante, e quartos onde vez por outra dormiam mascates e caixeiros-viajantes. Pessoas doentes da família eram segregadas nesse terceiro andar. São Luís é possivelmente a cidade brasileira onde mais foi aplicada a técnica de revestir as paredes das casas com azulejos decorativos. Os azulejos ajudavam a amenizar o forte calor e a umidade da região e pouco a pouco estão sendo restaurados. Na primeira vez que fui a São Luís o restaurante mais indicado era a Base da Lenoca, na avenida D. Pedro I, quase ao lado do Palácio dos Leões. O crescimento do turismo na cidade fez com que surgissem novas opções, como, por exemplo, o Pecados da Gula, no Armazém da Estrela, um casarão colonial recentemente restaurado (na rua da Estrela). No primeiro andar há um bar com música ao vivo. No segundo, está o restaurante: o cardápio é sofisticado, mas inspirado na cozinha regional. Do outro lado da Baía de São Marcos está Alcântara, que chegou a rivalizar em importância com São Luís, nos tempos da colônia. A travessia é feita em barcos e por isso deve-se evitar as horas de mudança na maré (a variação da maré na Baía de São marcos pode chegar a sete metros, e só perde para a que coorre na costa do Amapá). A ilha de São Luís tem praias mais distantes que merecem ser visitadas. O mar próximo à cidade não é convidativo (geralmente a cor é cinza ou prateada). Mas o que minha colega Viviane diz imperdível mesmo é a visita aos Lençóis Maranhenses, de abril a outubro, época em que as lagoas estão cheias. Para ela, o melhor é ir de São Luís para lá de carro, pois a paisagem é completamente diferente da que se conhece no Brasil. Barreirinhas, a cidade que serve de ponto de apoio para o passeio aos Lençóis, já conta com boas pousadas e restaurantes. Dali partem também as lanchas voadoras que percorrem o Rio Preguiça. Viviane sugere que se durma ao menos uma noite em uma pequena cidade do outro lado dos Lençóis. Quando surgir uma oportunidade, vou tentar fazer esse programa Em tempo: para os que gostam de mergulho, o Maranhão tem um parcel famoso (o de Manoel Luís), mas só é aconselhável aos mais experientes. pois 'são várias horas de navegação e é preciso ficar embarcado (quem enjoa...)

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