Bomba relógio na energia elétrica
Bomba relógio na energia elétrica
Coluna veiculada na edição de 29/7/2014 da revista vespertina digital O Globo a Mais, dirigida a assinantes que a leem em tablets e smartphones:
Tema da minha coluna de ontem (segunda-feira, 28/7/2014) no GLOBO
impresso e digital, o mercado de energia elétrica merece atenção
especial porque passa por um momento confuso, com sério risco
financeiro para as empresas envolvidas no fornecimento. A conta ainda
não está sendo paga pelo consumidor. Grande parte das empresas tem
contratos de fornecimento de médio e longo prazos, negociados
previamente com companhias geradoras ou distribuidoras. Vários também
geram a própria energia que consomem. Nesses casos, têm um custo
previsível para a eletricidade e somente ficam expostas a riscos
quando consomem mais do que o contrato prevê e têm que buscar a
diferença no mercado de curto prazo. Aí pagam uma fortuna pela
energia.
Os consumidores residenciais também estão protegidos dessa variação de
preços no mercado de curto prazo porque o reajuste das tarifas é
anual. O salto na conta só ocorreria no mês do reajuste autorizado
pela agência reguladora, a Aneel. Para amenizar essa trombada futura,
o governo intermediou com bancos um financiamento para cobrir o
aumento de custo da energia adquirida pelas distribuidoras. Essas
empresas distribuidoras terão de pagar esse empréstimo nos próximos
anos, retransferindo o ônus para o consumidor cativo.
No entanto, acredita-se que a partir do ano que vem ou em 2016 o custo
da energia diminuirá, especialmente se o regime de chuvas se
normalizar. De qualquer forma, alguma redução haverá quando
companhias estaduais geradoras (Cemig, Cesp e Copel) devolverem ao
governo federal várias concessão de hidrelétricas. Tais companhias não
quiseram renovar as concessões nas condições oferecidas pelo governo.
Então haverá uma leilão para ver quem se interessa por gerenciar as
hidrelétricas dentro de parâmetros que as autoridades vão ainda
definir, mas cujo preço da energia certamente será bem abaixo dos que
vigoram hoje no mercado.
Como a energia procedente dessas usinas ficará mais barata, na média o
custo da eletricidade tende a se reduzir a partir de 2015, de maneira
que o reajuste nas tarifas dos consumidores não precisará ser tão alto
para os consumidores com objetivo de se quitar o tal financiamento.
O problema atual está então dentro do próprio setor elétrico. O que
geradoras (inclusive de hidrelétricas) estão tendo de pagar no mercado
de curto prazo para cumprir seus contratos de fornecimento é uma
equação que não fecha. Como elas não conseguem gerar (porque os
reservatórios estão baixos ou porque, no caso das termoelétricas,
foram forçadas a operar mais que deviam e agora param para manutenção
fora das datas previstas) a quantidade de eletricidade a que se
comprometeram, têm de comprar essa diferença no mercado de curto
prazo. Os preços estão tão distorcidos que há grandes consumidores
parando suas linhas de produção para oferecer no mercado de curto
prazo a energia que contrataram previamente. Existe um racionamento
voluntário por parte das indústrias eletrointensivas (e talvez por
isso não tenha havido necessidade de o governo decretar um
racionamento formal).
Ninguém sabe o que fazer para resolver essa questão, porque tudo
cheira a quebra de contrato. Enquanto isso se multiplicam ações na
justiça por parte de companhias geradoras, que alegam não ter como
pagar os preços que são obrigadas a pagar no mercado de curto prazo
quando têm de adquirir energia em decorrência de decisões alheias à
vontade das empresas. Isso pode virar uma bomba relógio.
impresso e digital, o mercado de energia elétrica merece atenção
especial porque passa por um momento confuso, com sério risco
financeiro para as empresas envolvidas no fornecimento. A conta ainda
não está sendo paga pelo consumidor. Grande parte das empresas tem
contratos de fornecimento de médio e longo prazos, negociados
previamente com companhias geradoras ou distribuidoras. Vários também
geram a própria energia que consomem. Nesses casos, têm um custo
previsível para a eletricidade e somente ficam expostas a riscos
quando consomem mais do que o contrato prevê e têm que buscar a
diferença no mercado de curto prazo. Aí pagam uma fortuna pela
energia.
Os consumidores residenciais também estão protegidos dessa variação de
preços no mercado de curto prazo porque o reajuste das tarifas é
anual. O salto na conta só ocorreria no mês do reajuste autorizado
pela agência reguladora, a Aneel. Para amenizar essa trombada futura,
o governo intermediou com bancos um financiamento para cobrir o
aumento de custo da energia adquirida pelas distribuidoras. Essas
empresas distribuidoras terão de pagar esse empréstimo nos próximos
anos, retransferindo o ônus para o consumidor cativo.
No entanto, acredita-se que a partir do ano que vem ou em 2016 o custo
da energia diminuirá, especialmente se o regime de chuvas se
normalizar. De qualquer forma, alguma redução haverá quando
companhias estaduais geradoras (Cemig, Cesp e Copel) devolverem ao
governo federal várias concessão de hidrelétricas. Tais companhias não
quiseram renovar as concessões nas condições oferecidas pelo governo.
Então haverá uma leilão para ver quem se interessa por gerenciar as
hidrelétricas dentro de parâmetros que as autoridades vão ainda
definir, mas cujo preço da energia certamente será bem abaixo dos que
vigoram hoje no mercado.
Como a energia procedente dessas usinas ficará mais barata, na média o
custo da eletricidade tende a se reduzir a partir de 2015, de maneira
que o reajuste nas tarifas dos consumidores não precisará ser tão alto
para os consumidores com objetivo de se quitar o tal financiamento.
O problema atual está então dentro do próprio setor elétrico. O que
geradoras (inclusive de hidrelétricas) estão tendo de pagar no mercado
de curto prazo para cumprir seus contratos de fornecimento é uma
equação que não fecha. Como elas não conseguem gerar (porque os
reservatórios estão baixos ou porque, no caso das termoelétricas,
foram forçadas a operar mais que deviam e agora param para manutenção
fora das datas previstas) a quantidade de eletricidade a que se
comprometeram, têm de comprar essa diferença no mercado de curto
prazo. Os preços estão tão distorcidos que há grandes consumidores
parando suas linhas de produção para oferecer no mercado de curto
prazo a energia que contrataram previamente. Existe um racionamento
voluntário por parte das indústrias eletrointensivas (e talvez por
isso não tenha havido necessidade de o governo decretar um
racionamento formal).
Ninguém sabe o que fazer para resolver essa questão, porque tudo
cheira a quebra de contrato. Enquanto isso se multiplicam ações na
justiça por parte de companhias geradoras, que alegam não ter como
pagar os preços que são obrigadas a pagar no mercado de curto prazo
quando têm de adquirir energia em decorrência de decisões alheias à
vontade das empresas. Isso pode virar uma bomba relógio.
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