Cenário benigno visto pelo Copom

Cenário benigno visto pelo Copom

POR GEORGE VIDOR
O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou ontem (21/7/2010) as taxas básicas de juros em 0,5 ponto percentual, o que, na verdade, equivale a uma alta de 5% sobre o patamar que estava em vigor. Portanto, foi uma elevação expressiva, um aperto considerável no torniquete da política monetária. No entanto, teve gente dizendo que o BC cedeu a pressões políticas por causa da proximidade das eleições, pois deveria ter aumentado ainda mais as taxas de juros!!!
Nossos analistas financeiros se acostumaram a juros excessivamente elevados e têm crises de abstinência diante da possibilidade de os juros básicos no Brasil não voltarem a patamares estratosféricos. Somente isso explica tal tipo de reação que, aliás, não foi a mesma de quem estava ontem na linha de frente das operações das instituições financeiras: durante a tarde, cerca de 70% das transações com juros futuros já apontavam para uma alta provável de 0,5 ponto percentual na taxa Selic; apenas 30% apostavam em alta de 0,75 ponto percentual.
A rigor, pelos números atuais da inflação, o Copom nem precisava aumentar os juros. Vejamos: pela primeira vez dese o fim do ano passado, a chamada inflação dos serviços caiu em junho (fato que deve se repetir em julho) para menos de 0,5% - no mês passado estava rodando em 0,28%. Todas as três medidas de núcleo de inflação estão apontando para baixo. E desde junho de 2006, pela primeira vez os cinco grupos de preços que compõem o IPCA caíram simultaneamente!
O BC já tinha feito esse alerta no relatório de inflação de junho, praticamente revendo a avaliação do relatório anterior (março). A indústria e o comércio estão acumulando estoques novamente. As montadoras de automóveis, por exemplo, estão com seus pátios cheios, suficientes para abastecer o mercado por 55 dias (elas consideram ideal algo como 35 a 40 dias).
E lá fora o quadro também está mais para deflação do que para inflação.
Dito isso, os juros básicos aqui podem ficar mesmo por onde já estão. 

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