Com mais ar de seriedade

Com mais ar de seriedade

POR GEORGE VIDOR
Os números não chegaram a surpreender, mas a publicação do balanço da Petrobras, em si, e devidamente auditado (sem ressalvas), trouxe um enorme alívio ao ambiente econômico. As cotações de vários papéis se recuperaram na bolsa e o real voltou a se valorizar frente ao dólar. Qual a razão da mudança de humor se a Petrobras ainda deve levar uns dois ou três exercícios para sair do sufoco? A resposta parece estar na sensação de seriedade que todos tiveram com a divulgação do balanço. Nas próximas semanas, a estatal divulgará seu plano de negócios até 2018, mas desde já sabe-se que haverá uma redução nos investimentos este ano e no ano que vem. É uma aparente contradição para uma companhia que precisa aumentar a produção, rapidamente, para se reerguer. 
No entanto, essa diminuição é compatível com o cronograma de desenvolvimento de campos importantes do pré-sal. 
O corte se dará na postergação de alguns projetos. Por exemplo: o número de sondas de perfuração em águas ultraprofundas que estava encomendado à Sete Brasil, para entrega até 2018, deve sofrer substancial alteração. Não há discordância em relação as que serão entregues este ano e no ano que vem, mas dificilmente será mantido o compromisso quanto ao total de 28 sondas. A Sete vem encontrando dificuldades, e não só financeiras, para assegurar o cumprimento da encomenda original. O EAS foi o primeiro e4staleiro a romper unilateralmente com o contrato de fabricação, ao perceber que não iria conseguir renegociar acréscimos no valor das sondas. Temendo prejuízos, preferiu abrir mão da encomenda. A Petrobras, por sua vez, agora faz duro com a Sete porque há sobra de equipamentos no mercado internacional. 
A redução dos investimentos da Petrobras vai no curto prazo abalar expressivamente é o segmento do abastecimento. Paralisar obras como a do Comperj e do segundo trem da refinaria Abreu e Lima (Rnest) parece não fazer sentido diante do estágio em que essas obras se encontravam. Porém, cometeu-se tantas loucuras nessa obras que agora, até para finalizá-las a Petrobras deseja estabelecer novos critérios de relacionamento co empreiteiros e fornecedores. Daí a meia trava. Mas espera-se que essa questão seja também superada, pois as refinarias são necessárias, para o país e para a Petrobras.
Coluna veiculada na edição de 28/4/2015 da revista vespertina digital O Globo a Mais

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