Copom: bom senso prevaleceu
Copom: bom senso prevaleceu
Os índices de preços registraram em agosto variações expressivas e isso sem dúvida perturba o cenário ecoinômico. No entanto, as expectativas quanto ao comportamento da inflação futura apontam para variações abaixo de 4,5% este ano e em 2008. Desse modo, se o Comitê de Política Monetária (Copom) tomasse qualquer decisão que contrariasse essas expectativas o efeito da iniciativa poderia ser inverso ao desejado.
As taxas de juros no Brasil continuam altas demais e suficientes para inviabilizar qualquer aceleração no crescimento. A economia brasileira deve se expandir este ano mais de 5%, mas o que havia de demanda reprimida não está no gibo (como se dizia antigamente). Assim, bastou que os juros recuassem um pouco e a oferta de crédito melhorasse para que o investimento e o consumo doméstico reagissem. No entanto, a taxa de emprego permanece elevadíssima, especialmente nas regiões metropolitanas (17% considerando-se o subemprego e a informalidade e 9% no critério de"quem está procurando emprego neste momento"), e a evolução da massa salarial é sofrível, de modo que a recuperação da economia deve ficar concentrada em alguns segmentos. Haja vista que o país continua com enormes excedentes exportáveis - o que nos dá tranquilidade em relação ao comportamento das finanças externas.
A política monetária só estará próxima da normalidade, deixando de causar efeitos colaterais negativos (alguns dos quais contribuindo para anular a própria eficácia dessa política) quando as taxas de juros básicas nominais recuarem para o patamar de um dígito, abaixo de 10% ao ano. Mas esse ajuste terá de ser feito aproveitando-se as oportunidades e as condições atuais não são tão favoráveis, o que pode ser apenas uma situação passageira. É bem provável que os preços dos alimentos se estabilizem dentro de um horizonte relativamente curto.
Então, ponto para o Copom, que soube avaliar o cenário delicado e tomou a decisão certa, por unanimidade, cortando um pedacinho da taxa de juros.
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