Copom de outubro: mais uma oportunidade

Copom de outubro: mais uma oportunidade

POR GEORGE VIDOR
A economia brasileira vai aos poucos acabando com suas jabuticabas. A mais resistente continua sendo a política de juros altos, mas felizmente os ventos têm soprado a favor e vão contribuindo para desmontar os argumentos que justificavam a manutenção dessa aberração. A tese do PIB potencial (pela qual se a economia crescesse mais de 3,5% a capacidade doméstica de produção seria rapidamente ocupada, o que levaria a fortes desequilíbrios nos preços e até nas contas externas) perdeu fôlego, pois mesmo diante de tantos choques de oferta este ano - e envolvendo produtos de significativo impacto nos bolsos dos consumidores - os índices de inflação têm se comportado dentro do razoável, e em 2007 mais uma vez ficarão bem abaixo do ponto central da meta definida pelo governo.
Dessa forma, os efeitos colaterais negativos da política de juros altos (como a atração de capitais especulativos indesejáveis) estão prevalecendo sobre o que seria o lado positivo da política de juros. Como os mercados contam com reduções de taxas de juros nos Estados Unidos, o Comitê de Política Monetária (Copom) aqui não tem outra saída senão se antecipar e promover este ano mais um corte na taxa Selic, de 0,25 ponto percentual, como esperado. Isso não encerrará o processo de ajuste dos juros no Brasil, pois uma taxa básica de 11% ao ano continuará sendo uma anomalia, embora já não tão grave como em passado recente. 

Comentários