Crise grega e a madrugada de Mantega

Crise grega e a madrugada de Mantega

POR GEORGE VIDOR
A crise grega de certa forma perturbou o sono do Ministro da Fazenda, Guido Mantega (e, indiretamente, o da mulher dele também), no fim de semana. Na madrugada de domingo, alguns de seus assessores lhe enviaram várias mensagens de texto relatando o que acabara de ser decidido no âmbito do G20 e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para estancar a crise financeira na Europa, detonada pelo risco de "falência" da Grécia. O Brasil participa agora do grupo dos credores no FMI e é ouvido em questões como essa que envolve a ajuda financeira à Grécia e a outras nações da União Européia, e o ministro tinha de ficar a par do que estava acontecendo, embora isso interrompesse o seu sono em um dia que deveria ser dedicado ao descanso.
Mantega acredita que o estresse da semana passada nos mercados financeiros poderia ter sido evitado se a ajuda que havia sido decidida dias antes em Washington, na reunião de ministros da Fazenda do chamado G20 (grupo que reúne as vinte maiores economias do mundo)  tivesse sido posta logo em prática. Mas a necessidade de aprovação da ajuda por diversos parlamentos europeus e o ambiente eleitoral que envolve vários países da UE emperraram o processo. E ao meio de tudo isso veio o rebaixamento da classificação de risco das dívidas de Grécia e Portugal (com a Espanha também sob observação) por parte de grandes agências internacionais de avaliação, e aí os mercados começaram a se livrar principalmente de títulos privados, provocando enorme volatilidade nos preços dos papéis.
Em um quadro como esse, é preciso atuar mais firmemente nos mercados, e foi o que fez o Banco Central Europeu ao aceitar títulos privados ds carteiras dos bancos como garantia de operações (o que nunca fora feito antes pelo BCE), destravando os mercados, e fazendo que as bolsas reagissem positivamente.
Mantega acha que a conta da ajuda está saindo mais cara por causa da demora em agir.´"Há poucas semanas, em Washington, ao pedir apoio para o pacote de ajuda, o ministro da fazenda da Grécia conversou pessoalmente com todos nós garantindo que seu país estava decidido a fazer sacrifícios para diminuir o dérfcit público. Estávamos todos de acordo. Se a ajuda fosse logo efetivada, o problema teria sido estancado ali, a custo bem mais baixo", comentou.
Conversei com o ministro depois da palestra que ele fez hoje (segunda-feira, 10/5/2010), pela manhã, no Copacabana Palace, no seminário promovido pelo Financial Times e o Valor Econômico..

Comentários