Deflação x Inflação

Deflação x Inflação

POR GEORGE VIDOR
A China chegou a ser responsável por 40% do aumento da demanda por 
matérias-primas e insumos básicos durante o período de crescimento 
explosivo de sua economia. As cotações desses produtos atingiram 
patamares inacreditáveis e durante alguns anos favoreceram várias 
outras economias emergentes, como a do Brasil. 
Embora a China tenha superado se tornado o maior importador de 
petróleo, superando os Estados Unidos (que fizeram um movimento no 
sentido inverso, ampliando sua produção interna graças ao 
desenvolvimento de técnicas que possibilitaram a exploração de gás e 
óleo não convencionais), a demanda pelo produto e outras 
matérias-primas se estabilizou, enquanto a oferta não parou de 
crescer, em função dos preços bem convidativos. 
O ajuste dos preços, para baixo, acabou sendo repentino, e muito 
forte, desencadeando um realinhamento de todas os demais insumos 
básicos e matérias-primas. 
Assim, o ambiente internacional deverá ser caracterizado por uma 
deflação. É provável que os índices de preços nos Estados Unidos, este 
ano, registrem uma queda de 1,5%, pois lá os combustíveis pesam muito 
no bolso do consumidor. Mas não se trata de uma deflação causada por 
encolhimento da demanda, como a que se observou na grande depressão 
dos anos 1930, por exemplo, o fenômeno não chega a ser tão assustador. 
Ao contrário, muitos analistas acreditam que a queda do petróleo abriu 
espaço para que os consumidores voltem a comprar outros itens, 
dinamizando a economia, estabelecendo assim um novo equilíbrio. 
Enquanto o mundo se depara com a delação, no Brasil tivemos em janeiro 
um dos mais elevados índices mensais de inflação. Parece outra 
contradição, mas aqui a inflação está só agora incorporando uma conta 
que já deveria ter sido quitada no passado. O momento para se promover 
esse realinhamento é oportuno, exatamente porque lá de fora deve vir 
uma onda de deflação, cabaz e anular o movimento de alta que a 
"correção" inicial dos preços pode provocar. 

Coluna veiculada na edição de 10/2/2015 da revista vespertina digital O Globo a Mais

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