Economia precisa também de microrreformas.muitas

Economia precisa também de microrreformas.muitas

POR GEORGE VIDOR
 Coluna veiculada na edição de 28/10/2014 da revista vespertina digital O Globo a Mais, voltada para assinantes que a leem em tablets e smartphones:
Uma das leituras possíveis sobre os resultados das eleições é que os
programas de transferência de renda têm dado certo, a ponto de a
presidente Dilma ter recebido agora mais votos em certas áreas do
Nordeste que em 2010. Ou leitura é que as regiões que viabilizam essa
transferência de renda chegaram ao limite da capacidade. Para
continuar a gerar renda necessária à transferência, querem que o
governo corrija os rumos da política econômica. É um sinal de alerta
importante, pois se a geração de renda for estancada onde se mostra
mais viável, teremos o pior dos mundos. Sem renda para ser
transferida.
Portanto, a recuperação da economia brasileira é de fato uma
necessidade. A presidente Dilma precisa deixar de acreditar em seu
próprio discurso e conduzir seu segundo mandato dentro de um esforço
para que o país consiga reduzir consideravelmente os obstáculos à
produção. Diminuição da carga tributária por enquanto é um sonho, porém 
a simplificação (assim como será feito com a ampliação do
SuperSimples Nacional a partir de janeiro) e a eliminação da
burocracia no sistema de impostos já seriam um grande passo. Para uma
pequena empresa que deseja exportar, por exemplo, talvez o mais fácil
seja encontrar um cliente interessando em comprar a mercadoria ou
contratar o serviço no exterior. Mas a documentação exigida para
viabilizar o negócio consumidor tempo e dinheiro do esforçado
exportador em geral. Para fechar uma operação de câmbio, o
microempresário terá de fazer um cadastro no banco similar ao que
necessário para abrir uma conta corrente.
No mercado de trabalho, a legislação burocrática e paternalista criou
uma situação peculiar no Brasil. Baixos índices de desemprego com uma
rotatividade incompreensível. E em paralelo milhões de ações
trabalhistas. Não dá para entender como o Ministério do Trabalho, a
Justiça do Trabalho e o Congresso não se debruçam em uma análise mais
profunda para identificar o que causa a maioria dessas ações. Se as
causas principais fossem atacadas e resolvidas, quanto o país pouparia
e melhoria em produtividade no trabalho.
Na verdade, estamos precisando mais de microrreformas (possivelmente
centenas delas) do que das grandes reformas, difíceis de serem
costuradas politicamente, e que levam muito tempo para serem
implementadas.

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