Energia nuclear, opção viável, mas esquecida

Energia nuclear, opção viável, mas esquecida

POR GEORGE VIDOR
No mundo moderno nada funciona sem eletricidade. Este texto não 
estaria sendo lido agora sem eletricidade, pois toda tecnologia da 
informação que possibilita a existência de uma revista digital não 
teria evoluída sem o acesso quase universal a esse tipo de energia. 
O Brasil tem uma matriz elétrica que, até bem pouco tempo, era 
invejável, à base de recursos hídricos, renováveis, e pouquíssimo 
poluente. Na maioria os países, a eletricidade é de origem térmica, a 
partir do vapor gerado pela combustão de carvão, gás, derivados do 
petróleo, lenha, etc. 
As mudanças climáticas mobilizam governos, empresas e centros em 
pesquisa em busca de novas fontes renováveis que possibilitem a 
geração de energia elétrica com baixa emissão de carbono. Usinas 
eólicas e solares ganharam espaço, mas são insuficientes para atender 
toda a demanda por energia. 
Existe uma opção, de baixo carbono, que é desprezada por 
ambientalistas e principalmente por questões geopolíticas: a energia 
nuclear. Tais usinas ocupam áreas relativamente pequenas e têm todo 
seu ciclo sob total controle e monitoramento. Mesmo os rejeitos de uma 
usina nuclear podem ser armazenados e mantidos sob proteção humana. 
No caso do Brasil, se no lugar das usinas térmicas convencionais 
tivéssemos usinas nucleares com a mesma capacidade, o país estaria 
hoje em situação mais cômoda, preservando os reservatórios das 
hidrelétricas e com tarifas bem menos salgadas. 
Usinas nucleares são pequenos vulcões com "erupções" administradas 
pelo homem. Exigem tecnologia avançada e atenção com segurança 
industrial multiplicada, pois acidentes podem ter consequências 
graves. Em contrapartida, não contribuem para o aquecimento global e 
podem atender a quase toda a demanda por eletricidade (na França, 
respondem por 80% da geração). 
Mesmo usada para fins pacíficos, a energia nuclear sempre está 
associada à possibilidade de se produzir bombas com poder de 
destruição do planeta e da humanidade. Não se trata de uma preocupação 
desprezível, pois vivemos em um mundo louco. Pelo que se saiba, apenas 
sete países contam com armamentos nucleares (Estados Unidos, Rússia, 
França, Reino Unido, China,.índia e Paquistão). Se Israel tem esse 
tipo de armamento, é ainda segredo, mas é possível que tenham 
condições para vir a produzi-lo. Irã é certamente um candidato. Seja 
como for, teme-se uma que uma proliferação desses armamentos 
destruidores rompam o equilíbrio entre as potências nucleares e 
desemboquem em uma guerra atômica. 
Infelizmente essa ameaça impede que a opção da energia nuclear seja 
analisada mais seriamente pelos que estão de fato preocupados com as 
mudanças climáticas. Mas sem eletricidade a civilização também não 
sobreviverá.
Coluna veiculada originalmente na revista vespertina digital O Globo a Mais de 10/3/2015

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