Friburgo
Já fazia uns sete anos ou mais que não ia a Nova Friburgo, na região serrrana do Rio de Janeiro. Friburgo sempre foi uma das melhores cidades do interior fluminense. Começou a ser colonizada no século XIX por suíços, depois de uma história dramática. A Suíça tinha passado por uma guerra fratricida - quem diria - e em função das precárias condições que o país então atravessava houve um surto de peste bubônica (a peste negra medieval, que parecia ter desaparecido da Europa). Naquela ocasião, várias famílias de suíços decidiram emigrar para o Brasil, aceitando um convite do imperador D. Pedro II, na esperança de viver numa nova terra, sem guerra ou pestes. Os dados são imprecisos, mas teriam saído da Suíça cerca de 4.000 pessoas, que, empobrecidas, viajaram em carroças e levaram semanas para chegar a Roterdã, na Holanda. Lá souberam que a companhia de navegação que o Império contratar para transportá-los ao Brasil havia falido. Até que uma outra companhia pudesse ser contratata na Inglaterra ou na própria Holanda se passaram meses e os suíços tiveram de se abrigar nos pântanos de Roterdã durante todo o inverno. Chegaram ao Brasil pouco mais de 650 colonos e dessas famílias ainda descendem muitos friburguenses. Na zona rural, é comum se encontrar gente loura com olhos azuis. Nas casas de colonos ainda se ouve quem toque música típica alpina na sanfona. Talvez por razões históricas, Nova Friburgo sempre se destacou por ter uma indústria que pagava mais do que o salário-mínimo para seus operários. Enquanto quase todo o setor de energia elétrico era estatizado, lá a empresa local de distribuição de eletricidade já era privada. Era uma cidade arrumada. Mas a crise do setor têxtil atingiu várias fábricas tradicionais. No entanto, Nova Friburgo se mantém como um centro industrial, com grandes e pequenas confecções voltadas para a moda íntima. Como toda cidade média brasileira, Nova Friburgo tem seus contrastes. Próximas aos bairros nobres surgiram pequenas favelas e o município tem problemas de segurança pública, corrupção de juízes e políticos, e dificuldades financeiras na prefeitrua. Por outro lado, as atrações turísticas se multiplicaram. Vale a pena rever essa região, e uma boa pedida é fazer o percurso entre Teresópolis e Friburgo (cerca de 70 quilômetros). A estrada é ótima e segura. O visitante tem a opção de ficar em hotéis-fazenda ou retornar no mesmo dia ao Rio. Pode visitar o parque estadual dos Três Picos, conhecer a queijaria Suíça, o Jardim do Nego (esculturas ao ar livre, no Campo do Coelho), o apiário dos Amigos da Terra, e ainda fazer compras nos centros comerciais de moda íntima de Nova Friburgo. Das propriedades rurais que margeiam a estrada sai boa parte da produção de hortigranjeiros consumidos na região metropolitana do Rio. Se voltar por Teresópolis a pedida é almoçar no fim da tarde no restaurante Dona Irene (no caminho entre a rodoviária e o bairro teresopolitano da Tijuca), especializado em cozinha russa. Mas chegue lá preparado para comer muito, pois são servidos no mínimo cinco pratos diferentes. Diz-se que nos banquetes do czar Ivan , o Terrível, eram servidos 60 pratos. A tradição na Rússia - para a aristocracia, é claro - era de que fossem servidos pelo menos doze pratos. Então o Dona Irene até que é comedido.
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