Ismar

Ismar

POR GEORGE VIDOR
O jornalismo econômico deve muito a um colega que se foi hoje (20/07/2007), vitimado por uma terrível doença que infelizmente abreviou sua vida . Ismar Cardona era um bom repórter de política que, naqueles tempos sombrios, passou a ser requisitado para cobrir temas econômicos na revista Veja. E assim, nos conhecemos, ele um pouco mais velho e eu um repórter iniciante, quase de calças curtas, circulando pelos corredores do Ministério da Fazenda, na Bolsa e outros lugares onde buscávamos notícias. Quando, em 1972, a convite de Evandro Carlos de Andrade assumiu a editoria de economia do GLOBO, Ismar montou uma equipe mesclando novatos com profissionais experientes. O GLOBO  já era um veículo renomado na época, mas entre os jornais de grande circulação o noticiário econômico repercutia mais no JB e no Estadão. Tínhamos que enfrentar essa preferência dos leitores e das fontes e por isso tínhamos que nos desdobrar. O lançamento da edição de domingo foi decisiva para O GLOBO nessa disputa e a editoria de economia  respondeu bem ao desafio.
Foram muitos os momentos de estresse, mas também tivemos muitas alegrias. Em 1982 Ismar resolveu abrir seu próprio jornal (Indicador Rural), voltado para a agricultura, que era uma das suas paixões jornalísticas - talvez por ter nascido no interior do Rio Grande do Sul, em Passo Fundo - e eu o substituí na editoria de economia do GLOBO, na qual permaneci por mais um ano e meio. Nos anos seguintes continuei colaborando em publicações da editora de Ismar, assinando inclusive uma coluna sobre economia (em certo período precisei assinar a coluna com pseudônimo porque o jornal em que estava trabalhando era possessivo e não admitia colaboração em outro veículo, mesmo que não fosse concorrente). Empresarialmente ele não foi bem sucedido e acabou retomando sua carreira em Brasília, cidade onde remontou sua vida pessoal e profissional. Nos vimos pouco nesses últimos anos, mas sempre terei por ele um grande carinho e admiração.

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