Japão: décimas impressões

Japão: décimas impressões

POR GEORGE VIDOR

17/02/2004 05:54

O bairro de Omote-Sando reúne lojas de griffes famosas do mundo inteiro. Lá fica a loja da Louis Vuitton que mais vende no planeta. A grande maioria dessas lojas foi aberta há menos de dois anos, em plena recessão dourada da economia japonesa. Um grande conjunto habitacional, construído depois da guerra, e que ultimamente estava sendo ocupado comercialmente, foi derrubado para abrigar um futuro shopping-center, ao estilo do Roppongi Hills, hoje um locais mais nobres da cidade. Além das lojas de griffe, é possivel encontrar em Omote-Sando uma outra que vende bugigangas orientais por mil ienes (cerca de US$ 10). Uma famosa loja, chamada Bazaar Oriental, tambem atrai turistas, vendendo antiguidades, algumas verdadeiras e outras falsas. Em um dos extremos de Omote-Sando fica Harajuku, bairro onde está o Estádio Olímpico, projetado pelo mais famoso arquiteto japonês, com desenho que lembra uma espada de samurai. Foi nesse estádio que a seleção brasileira masculina de vôlei venceu recentemente o campeonato mundial. No parque de Haraqjuku estão hoje os lonas azuis, o grupo de sem-teto, que aumentou durante a recessão dourada. São"homeless" de primeiro mundo, pois há aquecimento nas barracas, que contam ainda com aparelhos de TV e até outros aparelhos eletrodomésticos. Harajuku reúne também moças e mulheres que se vestem de maneira extravagante, em geral de preto. Antes só havia adolescentes, mas os anos foram passando e muitas hoje já são balzaquianas. Em uma conhecida rua de pedestres em Harajuku uma multidão de jovens fica andando de um lado para outro no fim de semana, sem fazer tumulto. Candidatas a modelo vão tentar a sorte ali, na expectativa de que algum olheiro as descubram. As mulheres não venceram ainda todas as barreiras da sociedade machista japonesa, mas têm conquistado palmo a palmo seu espaço. Cerca de 60% das mulheres casadas hoje trabalham. O reverso dessa história é o aumento do número de divórcios e, principalmente, o grande contingente de mulheres solteiras que vivem sozinhas em Tóquio e que não têm planos para casar. Os restaurantes de gueixas, que eram frequentados pela alta elite, desapareceram quase todos e os remanescentes se tornaram clubes privados. A profissão de gueixa deixou de ser bem-vista pois a prostituiçào tem explorado esse veio.