Juros, reviravolta nas expectativas internacionais
Juros, reviravolta nas expectativas internacionais
Com a significativa redução das taxas básicas de juros nos Estados Unidos, decidida por unanimidade pelo Fomc, o comitê de mercado aberto do banco central americano, deve ocorrer uma reviravolta nas expectativas em relação à trajetória dos juros em todo o mundo. As taxas devem cair na Europa, continuar subindo na China e talvez no Japão. Os dirigentes de bancos centrais se assustaram com a magnitude da crise financeira gerada a partir da falta de pagamento de financiamentos hipotecários concedidos no mercado americano sem exigência de comprovação de renda. Enquanto a economia crescia a ritmo acelerado e os juros estavam muito baixos, o risco do crédito era quase inexistente, porque qualquer suspensão de pagamentos seria facilmente compensada pela retomada dos imóveis, que estavam em contínua valorização.
Mas a progressiva elevação dos juros básicos nos Estados Unidos (as taxas subiram até 5,25% ao ano, e estacionaram nesse patamar desde junho de 2006, o que para lá é altíssimo, considerando-se que a economia americana se move totalmente pelo crédito; não são poucas as pessoas que pagam suas faturas mensais de cartãode crédito com outro cartão de crédito e assim vão rolando suas dívidas), a economia começou a perder o fôlego a ponto de o ritmo de crescimento diminuir quase pela metade do ano passado para cá.
Um crescimento da ordem de 2% ao ano, como o que está se configurando nos Estados Unidos, é mais do que suficiente para a sociedade americana manter seu padrão de vida e ainda ajustar gradualmente seus desequilíbrios. É provável qur isso se reflita da média da economia mundial, o que não será de todo ruim, pois começaram a surgir alguns gargalos perigosos com pressão sobre os preços do petróleo e dos alimentos.
E o Brasil, que chegou atrasado na festa, terá então mais uma oportunidade perdida? É provável que não, pois somente agora é que a economia brasileira está se aproximando da média mundial e continua com espaço para crescer, tanto para atender a demanda externa (alimentos, por exemplo) como interna (habitação, serviços básicos, etc). Mas tudo vai depender da atitude que o nosso Banco Central decidir tomar na reunião do Comitês de Política Monetária (Copom) em outubro. Se o BC não ficar atento para a reviravolta desses expectivas no cenário internacional e seguir o conselho de quem acha que é hora de interromper o processo de queda nos juros básicos brasileiros, vamos voltar novamente para a lanterninha.
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