Larry Coryel em Itaipava
Larry Coryel em Itaipava
Há quase um ano, em uma curta viagem à França, tive a oportunidade de assistir a um concerto do guitarrista americano Larry Coryell no Teatro Simone Signoret, maior atração de uma pequena cidade perto de Paris entre Argenteuil e Pontoise (região que, no século XIX, pintores impressionistas, como Monet, Manet e Renoir, consagraram, mas que hoje é uma periferia pouco charmosa da capital francesa). Larry se apresentou com outros violonistas de primeira linha, tendo como convidado especial o belga Philip Catherine, com o qual tem vários discos gravados.
A apresentação foi para mim uma felicidade, um espetáculo. Coryell estava em grande noite. Na saída, enquanto distribuía autógrafos em capas de CDs, fui discretamente tietá-lo lembrando a ele de uma participação em um disco do flautista Herbie Mann ("Memphis Underground"), gravado em 1969. "obrigado por me lembrar dessa gravação. Herbie foi o melhor líder de grupo musical que conheci", respondeu.
Tive uma felicidade redobrada ao saber que Larry seria a atração principal da última noite de sábado (12/10/2013) no Festival de Jazz & Blues de Petrópolis, em Itaipava. Depois de um ano poderia ouvi-lo novamente. E quase na minha casa!!!!! Não poderia deixar de falar do concerto em Paris (ele mistura o que sabe de línguas latinas, como francês, italiano e espanhol).
O festival, de três dias, também foi para mim uma agradável surpresa. Este ano as sessões foram realizadas em um espaço especialmente montado para tal no parque municipal de Itaipava. Em ambiente acolhedor e divertido. Quem abriu a noite de sábado foi o violonista e cantor alemão Peter Fessler, acompanhado pelos dois músicos brasileiros que também tocaram com Larry. "É o trio surpresa", dizia. Se tiverem oportunidade de ouvi-lo, não percam. É craquérrimo. Brinca com a voz, afinadíssima, e com um balanço mais para um brasileiro do que para um alemão. Arrisca várias frases em português e com isso esbanjou simpatia lá.
A seguir se apresentou a cantora Taryn Szpilman e seu grupo. Não é bem o meu gênero, e achei o som mal ajustado, com graves insuportáveis (a bateria às vezes soava como um martelo) e quea bafavam a voz da contora e o guitarrista que a acompanhava. Essa impressão se confirmou depois da apresentação de Coryell, com um zumbido permanente. A estrela da noite não se perturbou, nem mesmo quando quase ao fim da sua magnífica apresentação do Bolero de Ravel o som se apagou. Larry interagiu com os dois jovens e promissores músicos brasileiros, improvisou e "dialogou" com eles, brincou com a platéia (na chamada área de conveniência, as pessoas não paravam de falar, e alto, meio por falta de educação, meio porque já não se davam conta do que faziam - um dos patrocinadores do festival é uma fábrica de (boa) cerveja da região; Larry ria e comentava "I love Brazil", aparentemente compreensico com tamanha informalidade e irreverência). No segundo bis, tocou "Straight, no chaser", de Thelonious Monk, uma emoção para os que, como eu, gostavam de jazz nos anos 60 (antes, havia interpretado, do mesmo Monk, "Round midnight"). A apresentação terminou não por volta da meia noite, mas quase às duas da manhã. Já não tinha preparo físico para esperar a última atração da noite, o saxofonista americano "Sax" Gordon.
No ano que vem, não percam o Festival de Jazz & Blues de Petrópolis. Até lá, certamente essa questão da qualidade do som. estará equacionada E tomara que Peter Fessler e Larry Coryell resolvam voltar.
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