Mercado deu pistas da queda do preço do petróleo

Mercado deu pistas da queda do preço do petróleo

POR GEORGE VIDOR
A queda dos preços do petróleo, e das commodities em geral, teve um 
pré-anúncio no comportamento das cotações do óleo leve americano 
(WTI). Por vários meses o WTI ficou bem abaixo do Brent (óleo tipo 
médio), que é a principal referência na bolsa de Londres. 
Tal distorção poderia ser reflexo de uma conjuntura específica do 
mercado americano, pelo rápido crescimento da produção do "shale gas" 
(gás não convencional). No entanto, pelo tamanho da economia 
americana, era de se esperar que esse reflexo se estendesse ao mercado 
internacional. Os Estados Unidos se tornaram importadores de petróleo 
nos anos 1950. Chegaram a importar a metade do que consumiam, e só 
perderam para a China a condição de maior importador há poucos anos. 
No entanto, por causa do "shale gas", terão condições de ser 
autossuficientes em hidrocarbonetos, e até mesmo voltarem à exportação 
a partir de 2020, segundo alguns especialistas. A depender é claro dos 
preços serem atrativos para a grande quantidade de pequenos produtores 
americanos. 
A China fez o caminho inverso. Até a década de 1970 exportava óleo e 
hoje é o maior importador mundial de petróleo. 
Dessa equação (na qual o Oriente Médio, a Rússia e países asiáticos 
que compunham a extinta União Soviética também cumprem papel 
importante) deriva o preço internacional do petróleo. 
Essa queda de preços deve contribuir para a inflação brasileira descer 
a ladeira dentro de alguns meses. Por outro lado, a economia pode se 
ressentir de uma desaceleração dos investimentos da Petrobras e de 
outras companhias no Brasil. 
O primeiro semestre de 2015 promete ser bem animado para a economia.
Coluna veiculada em 6/1/2015 na revista vespertina digital O Globo a Mais.

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