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No Caminho do Ouro
No Caminho do Ouro
Com este título, existem pelos menos cinco antigos caminhos ligando o Rio a Minas Gerais. Paraty recentemente revigorou o seu Caminho do Ouro, que agora faz parte do circuito turístico do município. Naquela região há pelos outros dois caminhos - um deles tem servido para caminhadas ecológicas, partindo da Serra da Bocaina e outro, entre Lídice e Angra, praticamente atravessa uma grande propriedade particular, que possivelmente será usada para algum empreendimento turístico). Mas o caminho sobre o qual me refiro é o que foi batizado de Caminho Novo, e serviu para substituir o de Paraty. Para tentar diminuir o longo trajeto do caminho original, no fim do século XVIII tropeiros passaram a subir a serra de Petrópolis pela vertente onde hoje fica a reserva de Tinguá, mas ela era muito íngreme e uma outra trilha começou a ser usada, dando lugar a esse caminho novo construído logo depois que o príncipe D. João e a família real chegaram ao Rio, em 1808. Portanto, o tal caminho estará completando duzentos anos dentro de pouco tempo. O Caminho Novo era bem largo para a época (em alguns trechos a largura chegava a ter seis metros) e pode-se perceber até vestígios de algum tratamento paisagístico nas suas margens, embora ele corte a floresta. O Caminho Novo do Ouro parte de Piabetá, mas neste último fim-de-semana o fizemos entrando pela área conhecida como Meio da Serra, em Petrópolis. Ali estão as ruínas da fábrica de tecidos Cometa. Ao redor, ainda podem ser vistas casas da antiga vila operária. Com a desativação do ramal ferroviário (1954) e a falência da indústria no início dos anos 80, ocorreram muitas invasões e as construções originais estão desfiguradas. A própria estação Meio da Serra está ocupada. As pessoas que vivem lá são humildes e ordeiras; o abandono fez com que fosse ocupando a área. Só recentemente o Iphan tombou as ruínas da fábrica, mas não há iniciativa visível para recuperação desse patrimônio histórico. No Meio da Serra, o acesso ao Caminho do Ouro fica próximo a uma barragem desativada, que armazenava água para o aqueduto que abastecia a fábrica da Imbel (conhecida como fábrica de pólvora do Exército, ou Fábrica da Estrela, pois fica na raiz da Serra da Estrela, em Inhomirim). Uma associação de entidades espíritas tem cuidado desse trecho, que o pessoal de lá chama de candomblédromo; por causa das quedas dáguas o local é usado para oferendas; as associações procuram fazer isso ordenadamente. No entanto, as margens do rio estão cheias de lixo, provavelmente carregado pelas águas do rio desde o Alto da Serra, hoje um bairro bem movimentado sde Petrópolis, onde termina a Rua Teresa, com suas centenas de lojas de roupas. Uns quatro ou cinco quilômetros do Caminho Novo estão ainda calçados por pedras polidas, mas a vegetação foi tomando de volta parte do espaço e a largura da trilha chega no máximo a dois metros. Mas como é toda sombreado e tem uma inclinação relativamente suave, é agradável percorrê-la. No seu trecho final, quando se aproxima do leito da antiga ferrovia construída pelo Barão de Mauá (que usou como mão-de-obra na construção da estrada de ferro ex-escravos contratados nos quilombos que existiam na região), ouve-se barulho de carros que sobem ou descem pela estrada dee paralelepídos da Serra Velha de Petrópolis). A última meia hora da ferrovia é pelo leito abandonado da ferrovia. Não há mais trilhos e dormente, mas restam ali a canaleta para escoar as águas das chuvas e duas pontes de pedras, uma delas certamente um dos marcos históricos da nossa engenharia. Parte desse leito virou uma rua e às vezes cruza-se com praticantes de motocross. Lá de cima se vê Piabetá, a igreja da vila operária da fábrica Cometa, a refinaria de Duque de caxias, o fundo da Baía de Guanabara, os prédios altos da Praça XV e, bem pqeueno, o Pào de Açucar (nos dias de sol, sem cerração). O Caminho Novo está dentro da Área de Proteção Ambiental de Petrópolis. O Ministério do Meio Ambiente chegou a incluí-lo em um programa de turismo ecológico, que não foi para frente porque a ONG que deveria cuidar do projeto não teve fôlego para ir adiante. Mas parece que a APA tem planos para recuperá-lo até 2008, quando seria o bicentenário do caminho. Se vc. quiser saber mais sobre essa caminhada , pergunte ao Marcos, nosso guia (www.rioserra.com.br/trekking). Se tiver alguma dificuldade no acesso, procure no google por trekking petrópolis ou entre em contato direto com o Marcos no seguinte endereço eletrônico: m1wnk@uol.com.br
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