O lado econômico do porto

O lado econômico do porto

POR GEORGE VIDOR
Coluna veiculada em 1/10/2013 no vespertino digital O Globo a Mais, voltada para assinantes que o leem em Ipad:
Na coluna da última segunda-feira no GLOBO, escrevi sobre a 
importância crescente do Porto do Rio como atividade econômico na 
cidade e no estado. Gostaria aqui de chamar um pouco mais de atenção 
para esse tema, em face de a zona portuária estar passando por um 
processo de transformação urbana que deverá revigorá-la, com novas 
construções, criação de uma via expressa ao rés do chão, e caminhos 
internos que contarão inclusive com um moderno sistema de transporte 
público, o veículo leve sobre trilhos, integrado a outros modais de 
alta capacidade (metrô, trens metropolitanos e BRTs). 
O chamado Porto Maravilha, parceria público-privada que a Prefeitura 
do Rio arquitetou, com sucesso, para viabilizar o projeto de 
revitalização da zona portuária, vai da Praça Mauá à rodoviária Novo 
Rio, na avenida Francisco Bicalho. Nesse trecho, estão o terminal de 
passageiros, que é mais utilizado quatro meses por ano, na temporada 
de cruzeiros marítimos, e o cais ainda diretamente aos cuidados da 
Companhias Docas do Rio. Embora seja uma boa área, são poucos os 
navios que atracam ao longo desse cais (Gamboa). 
O movimento se intensifica mesmo no cais de São Cristóvão, que está 
servindo para atracação de embarcações de apoio a plataformas de 
petróleo e navios que carregam produtos siderúrgicos. Obras de 
ampliação devem se realizadas depois de firmado o contrato de 
arrendamento com a Petrobras por um número de anos que estimule o 
investimento. 
E já em andamento, em ritmo acelerado, estão as obras de ampliação no 
cais do Caju. Lá ficam os terminais de contêiner da Libra e da 
Multiterminais, e o de veículos da Multicar. Trata-se de um 
investimento da ordem de R$ 1 bilhão, em obras civis e novos 
equipamentos. O cais contínuo desses terminais chegará a ter quase 
quilômetros, permitindo que simultaneamente atraquem quatro navios 
porta-contêiner gigantes, com 330 metros de comprimento, que virão ao 
Brasil. 
O terminal para embarcações de apoio a plataformas de petróleo será 
maior que o de Macaé e a razão disso é que a Baía de Guanabara é o 
ponto abrigado mais próximo dos blocos que estão em exploração ou 
produção no pré-sal. O movimento ali tende a crescer explosivamente, 
24 hora por dia. 
Os dois terminais de contêiner estarão aptos, em 2015, a movimentar 
dois milhões de TEU (unidade padronizada de contêiner) por ano, um 
aumento de 50% sobre a atual capacidade. E o de veículos, ficará em 
condições de receber 326 mil unidades (mais 34%) por ano. Mas a obra 
já começou a ser entregue, agora em outubro a construtora Andrade 
Gutierrez entrega uma parte da ampliação do cais para a Libra. 
Com todo esse movimento ascendente, o Caju pode virar uma área de 
constantes engarrafamentos de caminhões se os acessos terrestres não 
foram refeitos. E isso não depende apenas da prefeitura, mas de um 
entendimento com o governo federal (controlador da Companhia Docas e 
poder concedente da ponte Rio-Niterói) e o estadual. Já existem 
projetos executivos para esses acessos, mas o processo decisório para 
pô-los em prática é lento, muito lento. 
Vizinho ao cais do Caju voltou a funcionar o antigo estaleiro 
Ishikawajima (rebatizado como Inhaúma), que já emprega três mil 
pessoas. No pico das suas atividades, empregará cinco mil. No porto, 
são dez mil os empregos diretos. No município do Rio, é a segunda 
região que mais recolhe ICMS. 
O lado econômico do porto está mesmo por merecer mais atenção.

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