O PIB de 2013

O PIB de 2013

POR GEORGE VIDOR
Coluna veiculada em 3/9/2013 no vespertino digital O Globo a Mais, voltado para assinantes que o leem em tablets:
O cálculo preliminar do Produto Interno Bruto brasileiro no segundo 
trimestre mostrou uma expansão de 1,5% em relação ao trimestre 
anterior, segundo o IBGE, o que contrariou a grande maioria das 
estimativas no mercado. A Macrométrica, do economista Chico Lopes, foi 
voz dissonante, mas ele já alertara que, diante da expressiva variação 
dos indicadores mês a mês era preciso tomar mais cuidado com as 
projeções, pois corria-se o risco de subestimar o resultado. E não deu 
outra. 
A economia não anda a mil maravilhas. Para este terceiro trimestre, o 
próprio Chico Lopes prevê uma desaceleração, mas com expressiva 
probabilidade de uma recuperação nos últimos três meses do ano. Nesse 
caso, o PIB fecharia 2013 com um crescimento de 2,9%. 
Há uma ansiedade natural por mais crescimento para que se possa ir bem 
mais rápido na solução de tantos problemas acumulados no Brasil. Mas o 
crescimento esbarra não apenas em restrições financeiras. Existem 
restrições físicas que elevam significativamente o custo de vários 
elos na cadeia produtiva. 
A concretização dos investimentos capazes de eliminar as restrições 
físicas dependem, por sua vez, de uma boa equação financeira. O 
mercado de capitais, que vinha dando uma contribuição para essa 
equação, se retraiu, diante de algumas frustrações e experiências que 
ainda não foram bem-sucedidas. Diante das incertezas na economia 
mundial, os financiamentos externas são uma fonte de alto risco. 
Sobrou então o BNDES, que está com capacidade quase esgotada. O 
Tesouro fica emitindo títulos para emprestar ao banco, mas tal prática 
é alvo de muitas críticas, porque, sem dúvida, adiciona mais um 
componente de risco às finanças públicas, cuja trajetória não boa 
(pela redução dos superávits primários e pela dificuldade de o governo 
segurar despeas de custeio). Na semana passada o Ministro da Fazenda, 
Guido Mantega, promoveu uma reunião com a cúpula dos principais bancos 
privados para propor a formação de “sindycates” bancários brasileiros 
em condições de viabilizar financiamentos para projetos de 
infraestrutura. É uma ideia que terá ainda que amadurecer. 
Enquanto isso, talvez tenhamos que nos contentar com um ritmo de 
crescimento econômico mais modesto. Algo na faixa de 3% a 4% ao ano já 
deveria ser motivo de comemoração efusiva. 

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