O temor da "tempestade perfeita"

O temor da "tempestade perfeita"

POR GEORGE VIDOR
Coluna veiculada na edição de 24/12/2013 na revista digital O Globo a Mais, dirigida a assinantes que a leem em tablets:
A expressão “tempestade perfeita” passou a fazer parte de prognósticos 
sobre a economia brasileira em 2014 tendo-se como premissa que a 
retirada de estímulos monetários pelo banco central americano (Federal 
Reserve) será capaz de mudar os fluxos de capital no mundo. Como o 
Brasil está em situação mais vulnerável nas contas externas, com um 
déficit crescente em transações correntes (mercadorias e serviços) que 
já passa do equivalente a 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB), essa 
mudança nos fluxos de capital reduziria o volume de investimentos 
diretos e a oferta de financiamentos externos ao país. Haveria então 
uma pressão sobre a taxa de juros, agravada pela possibilidade de 
agências internacionais de avaliação de risco rebaixarem a 
classificação da economia brasileira, que cairia um degrau, mas sem 
sair ainda da categoria dos países que podem merecer crédito de 
investidores em moeda estrangeira. 
Essa pressão levaria a um inevitável ajuste na taxa de câmbio, em 
situação paralela à ocorrida em 2003, quando a cotação do dólar passou 
de R$ 4,00. 
O ajuste no câmbio, por sua vez, obrigaria o Banco Central a dar um 
choque de juros internos para segurar a inflação. 
Nesse mundo em que as finanças são determinantes nos rumos de qualquer 
economia, não se pode desconsiderar hipóteses negativas, como a da 
“tempestade perfeita”. 
No entanto, a voz sensata do ex-ministro Delfim Netto mostra que 
existem anteparos para evitar o risco de uma crise como essa. Em 
entrevista ao jornal Valor, o professor Delfim Netto alerta que o 
corte gradual de estímulo moneta´rios pelo Fed deu espaço para a 
economia brasileira se ajustar. Um superávit fiscal do setor público 
equivalente a 2% do Produto Interno Bruto (PIB), que já se mostrou bem 
viável em passado recente, seria um bom antídoto contra a “tempestade 
perfeita”. O programa de concessões na infraestrutura de transportes 
foi um também um bom sinal para os investidores e o desafio do governo 
seria, a partir dessas iniciativas, será recuperar credibilidade. 
Ano de eleições gerais não costuma casar com ajuste fiscal. mas pode 
ser também a oportunidade que o governo precisa para mostrar qeu a 
política econômica voltou a ter seriedade depois de todo o desgaste da 
"contabilidade criativa" para fechar contas públicas dentro de 
parâmetros que seriam aceitáveis pelo mercado. 
Se não fizer o ajuste, acreditando que isso pode prejudicar a 
reeeleição da presidente Dilma, o goevrno dará um tiro no pé. Um não, 
vários. 
2014 pode significar crise ou oportunidade, como no ideograma chinês. 
Qu seja a segunda hipótese. 
Um ótimo Ano Novo para todos.

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