Otimismo (2)

POR GEORGE VIDOR
Otimismo (2) Já que estamos indo por partes, vamos agora a uma segunda rodada sobre o otimismo para a economia em 2004 (incorporando também dúvidas, ponderações e contestações de nossos leitores). Ora, se a vulnerabilidade externa vinha sendo apontada como o maior fator de constrangimento, tal obstáculo já não será tão relevante em 2004, pois se as exportações crescerem de fato 10% teremos no ano que vem uma repetição do saldo da balança comercial (cerca de US$ 24 bilhões). A dívida externa continuará diminuindo em valores relativos e absolutos, o que contribuirá para uma melhora do rating do Brasil, o que por sua vez se refletirá favoravelmente na nossa conta de juros. Esse crescimento das exportações seria decorrente apenas de uma demanda fraca no mercado interno? Se observamos a pauta de exportações mais atentamente veremos que boa parte dessas vendas não se deslocaria para o mercado doméstico, mesmo com recuperação da renda interna. A reação doméstica poderá afetar mais a balança comercial pelo lado das importações do que propriamente pelas exportações. Mas tal impacto somente deverá ser mais sentido lá pelo segundo semestre. Se a vulnerabilidade externa perdeu relevância, é possível afirmar o mesmo em relação à vulnerabilidade interna iasso também está ocorrendo pelo empenho do governo em acumular um polpudo superávit primário. Com a reforma da previdência e a redução das taxas de juros (nominais e reais) que incidem sobre a dívida pública, os resultados do setor público como um todo vão continuar melhorando.

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