Otimista com a economia em 2004
Otimista com a economia em 2004 A falta de tempo (horas disponíveis para o lazer) e o próprio tempo (clima) me impediram de fazer caminhadas ou outras atividades que pudessem ser motivo para um relato interessante aos leitores deste blog. Como não ouso fazer crítica de cinema - não me arrisco a pôr uma colher no debate que as pessoas andam travando em torno do filme canadense Invasões Bárbaras, a propósito do fim das utopias - e sobre música já fiz um comentário meses atrás, começo o mês de dezembro no campo em que profissionalmente transito melhor (ao menos me proponho a tal), que é a economia. Aqui fico à vontade para dar palpites sem tanta formalidade, ou até com um certo grau de irresponsabilidade. Portanto, aí do outro lado vocês podem dar também o desconto que quiserem sobre essas observações. O que me leva a ser otimista em relação ao desempenho da economia em 2004 é o comportamento das exportações. Exportar mais e mais parece ser a a chave para o país superar os entraves ao crescimento. Como tudo em economia é um cobertor curto (e no caso do Brasil esse cobertor equivale a uma flanelinha, porque os recursos do país são muito escassos), muitos analistas de investimento vinham manifestando dúvidas sobre se conseguiríamos mesmo manter essa trajetória com o câmbio ficando abaixo de R$ 3,00. Vários analistas creditavam somente à desvalorização do real em 2002 esse desempenho espetacular das exportações em 2003 (na verdade, não foram poucos os que previram um declínio acentuado das exportações no segundo semestre). Assim, com o recuo da cotação do dólar e a sua posterior estabilização, as exportações não iriam repetir igual trajetória em 2004. As exportações em 2003 seriam também reflexo da retração do mercado interno, causado pelo repique da inflação, por sua vez detonado a partir da forte oscilação do câmbio e pela terapia (altíssimas taxas de juros) usada para segurar os índices de preços. De fato, em passado recente a combinação do aumento de demanda no mercado interno com inflação baixa (tendo o câmbio como âncora) resultou em crescimento de importações e perda de interesse pelas exportações. Por que tal situação não poderia se repetir em 2004? Risco há, e ninguém tem bola de cristal para garantir que o fenômeno não voltará a ocorrer. No entanto, da fase crítica do real para cá ocorreram algumas mudanças relevantes, que talvez nos ajudem a superar essa dificuldade. O câmbio flexível funciona agora como freio nas importações, e as exportações se mostraram como a mais eficiente garantia das empresas (as gradnes, principalmente) contra oscilações no câmbio que causem impacto negativo em seus custos. A agricultura tem espaço para crescer e muitos segmentos da indústria estão com capacidade ociosa (exemplo 1: indústria automobilística, que pode produzir três milhões de unidades/ano, e em 2003 não chegará a dois milhões; exemplo 2 - indústria de aparelhos eletroeletrônicos, que pode produzir nove milhões de unidades de TV ou monitores de video para computador, e durante este ano ficou na metade disso). Houve um razoável processo de substituição de importações - bens de capital, autopeças, petróleo e gás, trigo, cobre, etc. - cujo efeito agora seria diminuir agora o nosso coeficiente de compras lá fora a cada percentual de crescimento do Produto Interno Bruto. Como essa discussão ainda dá muito pano para manga, vamos por partes, como diria Jack.
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