Política e CPI da Petrobras

Política e CPI da Petrobras

POR GEORGE VIDOR
Nenhum dos dois lados admite, mas fica cada vez mais evidente, com o passar dos anos, que os governos Fernando Henrique Cardoso e Lula se complementaram no campo econômico e mesmo em relação às políticas sociais. Na disputa política pelo poder os dois lados divergem ferozmente, e, de certo modo, a forma de fazer oposição está se tornando muito parecida entre os dois grupos. Talvez porque o PSDB e o DEM tenham concluídaoque aquele tipo de oposição negativa feita pelo PT ao governo FHC deu resultado e acabou levando Lula ao poder.
A Petrobras entrou na roda dessa disputa, até porque seu programa de investimento é gigantesco. O que a empresa continuará sendo alvo de interesse da opinião pública por muitos anos. Milhões de brasileiros são direta ou indiretamente acionistas da companhia. E cada vez mais pessoas no país dependem do bom funcionamento da indústria do petróleo e gás. Com a descoberta dos enormes reservatórios do pré-sal, a importância do setor vai se multiplicar, com forte impacto nas receitas da União, estados e municípios. Então, daqui para frente, a Petrobras será uma empresa ainda mais cobiçada.
O Congresso precisa mesmo se preparar para acompanhar essa transformação. Em breve, o governo Lula vai propor uma mudança na lei do petróleo, específica para a exploração futura do pré-sal. Será positiva ou não essa mudança? Tomara que os parlamentres consigam fazer uma reflexão séria sobre isso.
A CPI talvez não seja o melhor caminhar para o Congresso se aprofundar na questão do petróleo. Há o risco de virar circo. Mas a Petrobras tem como rapidamente resolver essa questão: basta que não deixe sem resposta as dúvidas que foram surgindo nos últimos anos (política de preços para o diesel e a gasolina, critérios de compra de produtos e contratação de serviços, financiamento de seu programa de investimento, etc.). Se der logo as respostas que satisfaçam a curiosidade da opinião pública, a CPI não vira circo.

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