Rápida passada por Rondônia

Rápida passada por Rondônia

POR GEORGE VIDOR
Coluna veiculada em 9/9/2014 na revista vespertina digital O Globo a Mais, endereçada aos assinantes que a leem em tablets e smartphones:
"Passei algumas horas semana passada em Porto Velho. Quando o avião se 
aproximava do aeroporto deu para ver as obras da hidrelétrica de Santo 
Antônio, que já está funcionando parcialmente. Anos atrás, estive no 
local, quando ainda dava para observar a queda d"água (era uma suave 
cachoeira, que podia ser transposta por alguns pequenos barcos a motor 
no período da vazante do Rio Madeira), muito próxima do centro de 
Porto Velho. A casa que servia de recreação para os engenheiros da 
ferrovia Madeira-Mamoré, ainda estava lá, proporcionando uma vista 
privilegiada da cachoeira. 
As obras de Santo Antônio e de Jirau (a outra grande hidrelétrica do 
madeira, situada a 120 quilômetros do centro de Porto Velho) sacudiram 
a vida da capital de Rondônia. O PIB estadual praticamente triplicou 
em apenas dez anos. E o reflexo disso é uma cidade com muitos 
edifícios em construção. 
A parte civil das duas hidrelétricas já está nos "finalmentes" e agora 
a obra se concentra na montagem de equipamentos. O número de 
trabalhadores está diminuindo, a ponto de comerciantes locais (e 
também hoteleiros e transportadores) se queixarem de perda de receita. 
A construção das hidrelétricas causou mais polêmica fora de Rondônia 
do que lá. Porém, os empreendimentos não são uma unanimidade na 
região. Os ribeirinhos que foram reassentados parecem não ter se 
habituado nas novas moradias, embora seja incomparável a qualidade com 
as casas anteriores, Mesmo em condições precárias, são pessoas que 
preferem viver a poucos metros do rio. É uma questão que deve ser 
levada em conta em futuras hidrelétricas. Sim porque Rondônia tem 
condições de abrigar duas outras, dependendo de entendimentos do 
Brasil com a Bolívia, porque será preciso compensar impactos 
ambientais no país vizinho. Uma das usinas possivelmente terá de ser 
binacional, em moldes similares a Itaipu. 
Jirau e Santo Antônio renderão royalties pra os cofres estadual e 
municipal. Espera-se que esses recursos sejam usados na melhora da 
infraestrutura que serve à população de Porto Velho. Mas, 
independentemente da usinas, há mais novidades por lá. A ponte que 
atravessa o Rio Madeira ficou pronta e será inaugura este mês. Vai 
facilitar o acesso por terra às cidades do Sul do Amazonas (humaitá e 
Lábrea, especialmente) e também a Manaus, quando a antiga rodovia for 
recuperada. 
A capacidade de movimentação de carga embarcada em Porto Velho, para 
seguir pela hidrovia do Madeira até o porto de Itacoatiara, no Estado 
do Amazonas, está sendo ampliada em cinco milhões de toneladas (um 
investimento privado). 
A enchente do Rio Madeira no início do ano, que isolou parte de 
Rondônia e o Estado do Acre, abriu uma rota de abastecimento terrestre 
com o peru. Um novo corredor de transporte pode de fato surgir (com 
ligação até o Pacífico) se o governo federal colaborar, montando uma 
estrutura de alfândega capacitada a atender com agilidade uma 
possível demanda de comércio exterior (atualmente, é preciso muitas 
vezes recorrer a Brasília ). "

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