Retrocesso

Retrocesso

POR GEORGE VIDOR
O primeiro debate entre os dois candidatos mostrou que teremos um retrocesso em relação a questões importantes para o futuro desempenho da economia. O PT resolveu satanizar a privatização - pelo lado ético, se houve tantas falcataruas, por que, depois de passados tantos anos, elas não acabaram vindo à tona, com provas concretaz que pudessem ser julgadas pelos tribunais? - como causa de todos os males, e o PSDB também nem quer tocar no tema. Ao contrário, como o candidato Lula havia afirmado que seu adversário, se vitorioso, se apressaria em privatizar empresas como Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, etc, Geraldo Alckmin aproveitou para chamar o presidente de mentiroso, pois não há de fato qualquer referência à privatização em seu programa de governo, anunciado há poucas semanas. Mas se a privatização está sendo satanizada, pode-se deduzir que o próximo governo não recorrerá a concessões de rodovias? Não estimulará investimentos privados em outras áreas de infra-estrutura, nas quais companhias estatais ainda se façam presentes (Lula deu um pito em Alckmin por conta da venda da empresa estadual de transmissão de energia do Estado de Sâo Paulo)? E o que resta de bancos estaduais permanecerá como está? Foi terrível misturar nessa discussão uma possível privatização da Petrobras, do BB e da Caixa, pois de fato não está na agenda nem dos economistas mais liberais no Brasil. Mas agora não se vai avançar nem nos segmentos que o próprio governo Lula parecia concordar com a privatização. Além da privatização, os dois candidatos nem quem ouvir falar de necessidade de qualquer tipo de reforma da previdência. Ora, então o sistema continuará desatualizado diante da realidade brasileira? Isso significa que todos os segurados da previdência, sejam os que se aposentaram ou os que um dia irão se aposentar, estão correndo sério risco, pois do jeito que o déficit está evoluindo, o sistema ficará inviabilizado, e em uma situação de crise aguda os benefícios levarão uma garfada monumental.

Comentários