Rnest, refinaria do Nordeste, recauchutada

Rnest, refinaria do Nordeste, recauchutada

POR GEORGE VIDOR
Entre 4 e 5 horas da manhã da última sexta-feira (13/3/2015) a Refinaria Abreu e 
Lima (Rnest, na designação interna da Petrobras) começou a produzir 
óleo diesel S-10, o mais apropriado para uso em aglomerações urbanas, 
pois sua combustão não tem como consequência a emissão de um grande 
volume de material particulado na atmosfera. 
Esse S-10 que a Rnest agora produz vai substituir diesel importado. 
Para que isso fosse possível, era necessário que entrasse em 
funcionamento a unidade de hidrotratamento (HDT-T), que teve 
praticamente se ser remontada, pois na fase inicial de testes 
constatou-se que muitas equipamentos não funcionariam, por erro de 
montagem ou defeito. Havia até um catalisador furado. Só falta uma 
unidade (SNOx) para que o chamado trem 1 da Rnest esteja completo. 
Atualmente o trem 1 tem capacidade de processar 45 mil barris diários 
de petróleo. Esse volume pode triplicar. 
O trem 2 tem cerca de 80% de seu cronograma concluídos. Mas sabe-se 
muito bem que os mesmos problemas encontrados no trem 1 talvez se 
repitam no trem 2. Por isso, não dá para considerar que faltam apenas 
20% para a conclusão. Desse modo, a Petrobras teve de cancelar ou 
suspender contratos, e precisará  refazê-los para que a obra seja de fato 
finalizada. Então, infelizmente talvez não se possa contar com toda a 
produção prevista para a Rnest até o fim deste ano, como programado. 
Uma pena porque o país continua a importar muito diesel e gasolina. 
Mas esse é o preço que teremos de pagar pelo descalabros cometidos na 
gestão da maior empresa brasileira, por um conluio que envolveu dirigentes da 
companhia, empresas, políticos e partidos da base de apoio ao governo, incluindo o principal. 
O Brasil precisa de refinarias, mas acabaram servindo de pano de fundo  
para se assaltar os cofres da Petrobras.  A engenharia brasileira 
deveria se orgulhar da Rnest, pois há tempos que o mundo não 
via um investimento semelhante no setor. Mas, em vez de orgulho, deve 
sentir vergonha pelo que aconteceu lá. No nível técnico, executivos e 
gestores se viram de mãos atadas, chegando a ficar de cabelo em pé ao 
testemunhar o que acontecia. Mas ao menos conseguiram consertar depois 
o que foi feito errado proposital ou irresponsavelmente.
Coluna veiculada na edição de 17/3/2015 da revista vespertina digital O Globo a Mais

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