São Pedro e o chutômetro

São Pedro e o chutômetro

POR GEORGE VIDOR
As projeções econômicas sobre 2015 se tornaram um mero exercício 
diante de um fator ainda imponderável: a escassez de água nas regiões 
Sudeste e Nordeste. O ajuste fiscal e a política monetária estão 
traçados para conter a inflação e em condições normais de temperatura 
a tendência seria a economia se manter desaquecida. No entanto, a 
crise hídrica pode ter um impacto sobre o consumo em geral que 
ninguém é capaz de prever. Até que ponto uma queda de preços 
decorrente da redução de consumo (inevitável consequência de um 
racional de água e eletricidade) anularia o impacto do aumento das 
tarifas de energia e de impostos sobre os índices de inflação? 
Em face dessa dificuldade, os especialistas estão fazendo suas 
projeções para a economia em 2015 sem considerar esse racionamento 
cada vez mais provável à medida que o chamado período úmido vai 
passando e as chuvas continuando a cair muito abaixo das médias 
históricas. 
Se chover um pouco mais nos meses de fevereiro, março e abril talvez 
dê para chegar ao fim do ano sem racionamento. Porém, para recompor os 
reservatórios somente um dilúvio que não aparece hoje nos modelos dos 
meteorologistas. Então o drama da escassez de água se estenderá até 
2016. Assim, não há como fugir do baixo crescimento. Mas se a economia 
se expandirá 0,1% 1% ou 1,5%, isso agora está fora dos radares dos 
especialistas em projeções. Da mesma maneira, se a inflação ficará em 
7%, 6,5% ou 6%. 
Possivelmente apenas São Pedro seria capaz de dar uma resposta mais 
precisa. O resto é chute.
Coluna veiculada na edição de 27/1/2015 da revista vespertina digital O Globo a Mais

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