Taxa de juros: remédio contra a inflação ou veneno?
Taxa de juros: remédio contra a inflação ou veneno?
Coluna veiculada na edição de 8/4/2014 da revista digital vespertina O Globo a Mais, dirigida a assinantes que a leem em tablets:
Os mais recentes prognósticos das instituições financeiras e
consultorias de economia em relação à inflação de 2014 apontam para um
índice que se aproxima muito do teto da meta (6,5%). E isso juntamente
com um a previsão de redução no ritmo de crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB).
Um crítico mais ardiloso diria que o mercado financeiro (que, quase
unanimemente prescrevia a alta como remédio contra a inflação) não
acredita de fato que a taxa de juros seja capaz de segurar os preços
no Brasil.
A alta dos juros faria todo sentido, como terapia, se tivéssemos hoje
uma forte depressão de demanda. Mas não é o que se contata, por
exemplo, nas vendas de alimentos nas redes de supermercados ou nas
feiras li8vres. O Consumo desses produtos se estagnou ou até se
reduziu.
Restrições de oferta? Chuvas em excesso no Norte e de menos no
Centro-Sul realmente afetaram a produção de alimentos (chega a ser
surpreendente que o clima não tenha provocado um desastre na
agropecuária este ano), mas como o país não restrições para importar,
não se pode dizer que haja uma situação capaz de jogar tanto os
preços para cima.
Inflação é um fenômeno só, mas faz diferença , para a escolha da
terapia mais adequada, identificar as suas causas. A economia
brasileira confunde os analistas pois caminha sem harmonia entre seus
diferentes segmentos. Existem setores a mil por hora enquanto os
outros parecem condenados a andar ao passo de tartaruga. No conjunto,
a demanda global não se altera a um ponto que, em tese, não causaria
tamanha inflação. No entanto, nessa falta de harmonia, tem-se um
quadro em que, nas condições atuais do mercado de trabalho, há uma
situação de pleno emprego.
Em tal conjuntura, qual a dosagem necessária de juros para segurar a
inflação? Provavelmente apenas uma overdose, para empurrar a economia
à recessão.
Remédio que mata o doente não é remédio, é veneno.
Infelizmente, há pouca preocupação quanto ao diagnóstico da inflação
(o próprio Banco Central, em seu relatório trimestral, não tem
contribuído muito para se avançar nesse debate). Os estudos estão mais
voltados para se tentar acertar o próximo passo do BC em relação ás
taxas de juros do que propriamente em se encontrar uma solução viável
para o problema.
consultorias de economia em relação à inflação de 2014 apontam para um
índice que se aproxima muito do teto da meta (6,5%). E isso juntamente
com um a previsão de redução no ritmo de crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB).
Um crítico mais ardiloso diria que o mercado financeiro (que, quase
unanimemente prescrevia a alta como remédio contra a inflação) não
acredita de fato que a taxa de juros seja capaz de segurar os preços
no Brasil.
A alta dos juros faria todo sentido, como terapia, se tivéssemos hoje
uma forte depressão de demanda. Mas não é o que se contata, por
exemplo, nas vendas de alimentos nas redes de supermercados ou nas
feiras li8vres. O Consumo desses produtos se estagnou ou até se
reduziu.
Restrições de oferta? Chuvas em excesso no Norte e de menos no
Centro-Sul realmente afetaram a produção de alimentos (chega a ser
surpreendente que o clima não tenha provocado um desastre na
agropecuária este ano), mas como o país não restrições para importar,
não se pode dizer que haja uma situação capaz de jogar tanto os
preços para cima.
Inflação é um fenômeno só, mas faz diferença , para a escolha da
terapia mais adequada, identificar as suas causas. A economia
brasileira confunde os analistas pois caminha sem harmonia entre seus
diferentes segmentos. Existem setores a mil por hora enquanto os
outros parecem condenados a andar ao passo de tartaruga. No conjunto,
a demanda global não se altera a um ponto que, em tese, não causaria
tamanha inflação. No entanto, nessa falta de harmonia, tem-se um
quadro em que, nas condições atuais do mercado de trabalho, há uma
situação de pleno emprego.
Em tal conjuntura, qual a dosagem necessária de juros para segurar a
inflação? Provavelmente apenas uma overdose, para empurrar a economia
à recessão.
Remédio que mata o doente não é remédio, é veneno.
Infelizmente, há pouca preocupação quanto ao diagnóstico da inflação
(o próprio Banco Central, em seu relatório trimestral, não tem
contribuído muito para se avançar nesse debate). Os estudos estão mais
voltados para se tentar acertar o próximo passo do BC em relação ás
taxas de juros do que propriamente em se encontrar uma solução viável
para o problema.
Comentários
Postar um comentário