Tiradentes, MG, de novo

Tiradentes, MG, de novo

POR GEORGE VIDOR
Passei o último fim de semana (28 e 29/3/2009) em Tiradentes. E sempre um prazer retornar a essa pequena cidade histórica mineira - nos dias que antecedem a Semana Santa a cidade, com suas procissões, parece voltar  ainda mais ao passado, ainda que suas ruas permaneçam cheias de turistas. A chuva, que caiu forte durante grande parte do fim de semana, atrapalhou um pouco e até impediu que a tradicional procissão de Nosso Senhor dos Passos saísse no horário previsto da admirável Igreja da Matriz.
Desta vez, dos restaurantes que passei, achei o Viradas do Largo (da Beth, que fornece linguiças artesanais para a Academia da Cachaça, no Rio, e contribuiu para que Claude Troigros criasse uns pratos com folhas da "ora-pró-nobis" (muito usadas pelos mineiros em receitas de galinha ensopada) com melhor preço/desempenho. O Viradas do Largo fica na Rua do Moinho 1, perto do chafariz. Mas o que não faltam são outras boas opções por lá.
Duas novidades na área cultural tiradentina: 1) o pintor Oscar Araripe acabou de receber um piano de cauda, branco, que instalou no espaço da Fundação que leva seu nome (na rua da Câmara). A idéia é promover recitais ao sábado. Oscar está com uma exposição lindíssima, na galeria que mantém ao lado da Fundação, praticamente só com quadros da sua fase atual (cuja temática são vasos de flores). A pintura de Oscar é do tipo levanta astral e é quase irresistível sair de lá , para quem está com um pouco de folga nas finanças, sem levar um quadro. Fui visitá-lo na hora que o pessoal da transportadora estava descarregando o novo piano e ao meio de toda essa agitação ele ainda teve a paciência de nos receber e dar atenção! 2) a outra novidade, que nem é tão novidade assim (pois o teatro é uma atração consagrada na cidade), é o espetáculo Marionetes a Fio que Bernardo Rohrmann e Renata Franca estão apresentando no Teatro dos Bonecos (sempre aos sábados às 18 horas) da Pousada Três Portas, da família deles - à rua Resende Costa, esquina com rua Direitta. Crianças gostam, e os adultos mais ainda. A apresentação que faz uma alusão ao antigo bloco dos gatinhos mascarados é uma obra-prima. Os demais números são excelentes, e não há quem não saia de lá com a alma cheia.
A Pousada três Portas é das mais agradáveis da região e tem um café da manhã imbatível porque os queijos são produzidos na fazenda da família, situada em Tiradentes mesmo.  A idéia é que todo o queijo seja produzido com leite orgânico, tirado de vacas girolondas (cruzamento das raças gir e holandesa), mas resistentes ao nosso clima. Não é fácil, porque a produtividade diminui significativamente. Em compensação, o queijo fica com outro sabor. Além dos tradicionais queijos brancos (frescal e cura), eles estão produzindo queijos de linha francesa. A família comprou uam área degradada que tinha ao lado da pousada e vai expandi-lá, com a promessa de montar também um teatro permanente.
A chuva não impediu que fossemos a São João del Rey - que fica a uns vinte minutos de Tiradentes - para revisitar a Igreja de Sâo Francisco (belíssima) e a antiga Rua Direita, cujos solares estão sendo recuperados. Se passar por lá, não deixe de comprar doces caseiros na loja que fica quase em frente ao Solar dos Neves, junto à Igreja do Rosário, e vizinha de boas lojas de estanho. A dica é o doce de figo seco.
E fechando a visita a Tiradentes, fui conhecer as novas instalações da Burza, cujas facas artesanais são também obras de arte. A oficina, a loja e a casa onde a família vive reproduz uma aldeia cossaca do século XVII, toda de madeira; Visitas só com hora marcada, a não ser que o visitante já esteja no cadastro deles. A Burza fica quase na chegada a Tiradentes na estrada do acesso principal. Todo mundo conhece eles por lá. 

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