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Viagem ao Japão (últimas impressões)
Viagem ao Japão (últimas impressões)
A viagem ao Japão ainda renderia muitas notas nesse blog, mas vou fazer uma pausa para não cansá-los. Encerro então essas impressões com a experiência da longa viagem de avião. Por mais que vc tente se preparar psicológica e fisicamente para a jornada, não há como escapar do cansaço da viagem e do efeito que a diferença de fuso horário causa no organismo. Na ida, na escala em Los Angeles, até que cheguei bem - geralmente já acho estafante viajar mais de duas horas em avião. Mas o trecho até Tóquio foi difícil. Li vários capítulos do último livro de Gabriel García Márquez, além de todos os jornais e revistas disponíveis a bordo, almocei (ou jantei?), vi os dois filmes, cochilei, e ainda faltavam várias horas para chegar. Por causa dos ventos (assim me explicou o comandante Thimóteo quando desembarcamos em Narita), a rota de ida para o Japão acompanha a costa oeste dos Estados Unidos e do Canadá, margeia o Alasca, atravessa o mar de Behring, e chega pelo Norte. Um trajeto de quase doze horas. Na volta, a rota é mais rápida (oito horas e quarenta minutos de vôo) favorecida pelos ventos., e passa um pouco acima do Havaí. Mesmo assim é um estirão. Dá para entender como, nos estertores de 1941, os americanos não acreditavam na possibilidade de ataque japonês à frota ancorada em Pearl Harbor. Os aviões não teriam autonomia para promoverem esse ataque e os navios, caso se aproximassem, seriam detectados pelos instrumentos existentes à época. O posicionamento dos portas-aviões japoneses para o ataque a Pearl Harbor - que desencadeou a guerra entre os dois pa'sies - deve ter sido calculado quase que milimetricamente de modo que localizá-los naquele imenso oceano deveria ser algo parecido com aquele antigo jogo de batalha naval, ancestral dos video-games. Como foi a minha primeira viagem ao Japão, a ansiedade e a expectativa se misturaram com o cansaço, e só foram superados pelo prazer de entrar no centro de Tóquio atravessando o Ginza, o bairro das grandes lojas, e que é uma das marcas mais conhecidas da cidade. O Ginza era mesmo como havia imaginado. Se fosse repetir a dose, talvez preferisse agora fazer a viagem pela Europa. Geralmente há um intervalo de onze a doze horas entre os vôos que chegam do Brasil e os que partem para o Japão. Nesse intervalo dá para esticar as pernas, tomar banho, trocar de roupa, fazer um breve passeio pela cidade (Paris, Frankfurt, Zurique ou Roma, dependendo da companhia escolhida) e reiniciar a viagem como se tudo estivesse começando. A Varig está tentanto fazer pela Europa essa rota para o Japão, mas vem encontrando dificuldades porque isso envolve negociações entre autoridades aeronáuticas japonesas e européias. A rota pelos Estados Unidos tem causado problemas a nossos dekasseguis. Os brasileiros que moram no Japão perdem um dia de trabalho para tirar visto nos consulados americanos em Nagóia e Tóquio. Além de pagarem US$ 100, correm o risco de ter o pedido recusado (o pagamento não é devolvido), o que é bem possível, pois esses brasileiros têm o perfil das pessoas que poderiam emigrar para os Estados Unidos na busca de trabalho e uma vida melhor.
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