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Mostrando postagens de fevereiro, 2018

Despedida

Despedida POR  GEORGE VIDOR 17/02/2018 06:37 Nesta segunda-feira, 19-2-2018, os leitores não encontrarão mais minha coluna semanal no GLOBO. Publicada há mais de 20 anos, faz parte de uma história que começou em 1972, quando tinha apenas 19 anos e estava no primeiro ano da faculdade de economia. Como começara a trabalhar aos 16 anos e meio (rsrsrs), já me achava um repórter "tarimbado" quando fui convidado por Ismar Cardona para uma nova Editoria de Economia que O GLOBO estava montando, dentro de uma estratégia maior de renovação do jornal. Começara no extinto Correio da Manhã, e já passara pela sucursal Rio da Tribuna da Bahia, pelo Boletim Cambial (BC Diário) e pela sucursal Rio da Gazeta Mercantil. Mas era apenas um jovem pretensioso, já carregando amarguras do envolvimento político equivocado na adolescência. Quando entrei para O GLOBO acho que metade dos amigos deixou de falar comigo. Exageros à parte, muitos não entendiam porque eu revelava entusiasmo em trabal

Huashuashuashuash

Huashuashuashuash POR  GEORGE VIDOR 14/02/2018 19:41 Economia brasileira vive nova realidade com taxas de juros mais baixas na era do real Muitos leitores não vão entender o título. É uma expressão que os mais jovens costumam usar em redes sociais para expressar uma risada, um contentamento. Como estamos em novos tempos, e ainda é carnaval, "huashuashuashuash", no caso, é de alegria, para comemorar entusiasticamente o mais baixo patamar de taxas básicas de juros nominais da história do real. Juros básicos de 6,75%, sem pirotecnias, é total novidade em nosso país. E como qualquer experiência nova, será preciso testá-la na prática. A inflação tem dado sinais de que se acomodará em um patamar abaixo de 4% em 2018. Nem sequer sabemos quais serão os candidatos a presidente da República, ou a governador e a senador na grande maioria dos estados, e a economia brasileira segue em ritmo de recuperação, mesmo que lenta. A previsão do governo é que 2,5 milhões de postos e tra

Até o Conselheiro

Até o Conselheiro POR  GEORGE VIDOR 05/02/2018 10:43 Mesmo achando que o sertão vai virar praia, Conselheiro concordaria que a previdência precisa de uma reforma O ministro Henrique Meirelles é ou não é candidato? Segundo as palavras do atual condutor das finanças públicas federais, reafirmadas sexta-feira na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), ele continua a dedicar todas as suas energias para que a economia do país volte a alçar voo. Meirelles não tem apoio partidário, o que torna a sua eventual candidatura a presidente da República muito difícil. Mas é um nome de credibilidade.  O que já fez no Banco Central, no Ministério da Fazenda e na vida empresarial o credencia a ocupar o cargo. Porém, todavia, contudo, isso não é suficiente. A ultra carente população brasileira sempre almeja por um líder que nos ajude a atravessar o deserto em busca da terra prometida. Nessa procura angustiante, políticos carismáticos e messiânicos levam vantagem, o que abre espaço també

Águas rolando

Águas rolando POR  GEORGE VIDOR 29/01/2018 12:18 Menos aflitos, meios empresariais estão inclinados a apoiar Alckmin Com a candidatura Lula fora do páreo, por força da Lei da Ficha Limpa, os meios empresariais estão agora menos aflitos diante da disputa eleitoral deste ano e talvez se unam em torno de uma candidatura de centro, provavelmente a de Geraldo Alckmin, atual governador de São Paulo. Alckmin não é um pré-candidato capaz de provocar paixões nos eleitores. Mesmo entre seus aliados, há quem o veja como um político que nunca perdeu as características de prefeito do interior (médico, começou a carreira política em Pindamonhangaba, sua cidade natal). Porém o que não lhe falta é experiência e argúcia na articulação política. Ninguém governou o principal estado da federação mais tempo do que ele (nem o lendário Adhemar de Barros). Com 44 milhões de habitantes, São Paulo é um “país”, mais populoso que as regiões Norte e Centro-Oeste somadas. Cheio de problemas, sim, mas tam

E "la nave va"

E "la nave va" POR  GEORGE VIDOR 22/01/2018 09:48 Indústria do petróleo já se ajustou no mundo aos patamares de preços mais baixos. No Brasil, também A forte queda dos preços do petróleo mudou a cara do setor. As grandes companhias reviram seus custos e algumas conseguem hoje produzir mais no Golfo do México gastando um terço a menos do que nos tempos da bonança. Embora as cotações internacionais do óleo tenham voltado a subir e estejam oscilando na faixa de US$ 60 a US$ 70 o barril, a pressão sobre os custos, para baixo, será mantida. No caso do Golfo do México, houve considerável redução nos gastos com logística. Barcos de apoio às plataformas de exploração e produção têm sido afretados com mais rigor. E equipamentos alugados não ficam parados à espera de ordens de serviço. No Brasil, essa é também a realidade da indústria, talvez de maneira ainda mais dura porque a companhia líder, a estatal Petrobras, ficou atolada dentro de um profundo lodaçal de corrupção pat

Miopia

Miopia POR  GEORGE VIDOR 15/01/2018 11:45 A arrecadação federal surpreendeu no fim do ano entre outras coisas porque ninguém acreditou no Refis A arrecadação do governo federal deu um salto nos meses de novembro e dezembro. Especialmente por uma razão que surpreendeu as próprias autoridades fazendárias. Combatido por todos os lados, o Refis – programa que permite o parcelamento e a renegociação de dívidas tributárias – foi um tremendo sucesso. Na programação original, o ministro Henrique Meirelles tinha uma expectativa de arrecadar com o Refis cerca de R$ 14 bilhões. Com as alterações e penduricalhos que o Congresso introduziu no projeto enviado pelo governo, a estimativa de recolhimento caiu para R$ 400 milhões. Foi um tremendo bafafá. Aí as projeções foram refeitas e passaram para um patamar minguado de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões. Mais um motivo para todo mundo cair de pau em cima do programa. Pois bem, até novembro o Refis havia recolhido R$ 22 bilhões e é bem provável q

Mínimo e Máximo

Mínimo e Máximo POR  GEORGE VIDOR 08/01/2018 11:24 Um dia o salário mínimo deixará de ser mínimo – infelizmente não a curto prazo – pela valorização do trabalho As condições de trabalho nas minas de carvão e de sal da Europa, no século XVIII e grande parte do XIX, eram horrendas. Humilhantes. Muitas vezes os túneis para retirada dos minerais eram tão estreitos que somente crianças ou mulheres pequenas conseguiam passar por eles. Crianças chegavam a trabalhar nuas por causa do calor sufocante. E o que ganhavam, mal dava para o sustento. Ainda assim, os que tinham emprego davam mãos para os céus, por falta de alternativa. Não por acaso floresceram nessa época os movimentos socialistas e igualitários, combatendo a exploração do trabalho. O Brasil do século XIX carregava a herança colonial, com o trabalho calcado em mão-de-obra escrava. As condições de trabalho eram duras e a escravidão já era moralmente repudiada. No entanto, mesmo entre os que apoiavam a abolição havia os que

Saímos do buraco

Saímos do buraco POR  GEORGE VIDOR 02/01/2018 17:38 Os brasileiros têm muitos motivos para se sentirem céticos diante do ano que se inicia. Porém o quadro de 2018 tem larga vantagem sobre o de 2017 É da natureza humana: a gente sofre por antecipação.  E como o que aconteceu nos últimos anos está muito vivo na memória de todos, é normal que vejamos 2018 como gatos escaldados, pois a trágica experiência, pela qual o país Brasil passou, demonstrou que nada é tão ruim que não possa piorar. Todavia já é possível dar um leve sorriso diante de toda essa loucura. Afinal, os servidores públicos estaduais do Rio de Janeiro, ativos e inativos, receberam o 13º salário de 2016, quando ninguém mais esperava que isso fosse ocorrer. O fato é que o que parecia irrecuperável está se recuperando, mesmo que aos trancos e barrancos. O melhor exemplo disso é a Petrobras, companhia que foi vilipendiada anos a fio pelos que deviam cuidar dela, começando pelos mais altos mandatários da República. Ho

Não foi de vez

Não foi de vez POR  GEORGE VIDOR 25/12/2017 13:44 Comemoramos o natal ainda com muitos problemas, mas do caos econômico está ficando para trás Com tudo que aconteceu, é mesmo difícil chegar a última semana do ano sem desalento. O brasileiro é mesmo um povo sem caráter?, pergunta que vinha do Primeiro Mundo  lá pelos anos 1960, quando o país patinava no subdesenvolvimento e não conseguia transformar em riqueza seus abundantes recursos naturais. Para dar a resposta, íamos buscar explicações em nossas raízes e na complicada formação do Brasil como nação. Várias décadas se passaram, a economia se transformou, porém muitas das mazelas permaneceram. O país já não convive com uma fome assustadora e nem com uma ignorância endêmica. Não saber ler e escrever deixou de ser a regra para se tornar exceção. No entanto, apenas 15% da população adulta têm curso superior completo. Uma elite acadêmica. Desigualdades regionais e entre as pessoas – acentuadas quando se considera o tom da pele - c

Não foi de vez

Não foi de vez POR  GEORGE VIDOR 25/12/2017 13:44 Comemoramos o natal ainda com muitos problemas, mas do caos econômico está ficando para trás Com tudo que aconteceu, é mesmo difícil chegar a última semana do ano sem desalento. O brasileiro é mesmo um povo sem caráter?, pergunta que vinha do Primeiro Mundo  lá pelos anos 1960, quando o país patinava no subdesenvolvimento e não conseguia transformar em riqueza seus abundantes recursos naturais. Para dar a resposta, íamos buscar explicações em nossas raízes e na complicada formação do Brasil como nação. Várias décadas se passaram, a economia se transformou, porém muitas das mazelas permaneceram. O país já não convive com uma fome assustadora e nem com uma ignorância endêmica. Não saber ler e escrever deixou de ser a regra para se tornar exceção. No entanto, apenas 15% da população adulta têm curso superior completo. Uma elite acadêmica. Desigualdades regionais e entre as pessoas – acentuadas quando se considera o tom da pele - c

Nem cinza nem cor de rosa

Nem cinza nem cor de rosa POR  GEORGE VIDOR 18/12/2017 09:23 A construção civil patina nos segmentos de média e alta renda, mas o Minha Casa Minha Vida vai bem Para serenar os ânimos em 2018 o país precisaria de uma recuperação do emprego no ano que vem, ou pelo menos de uma sensação mais generalizada de que as coisas estão de fato melhorando. Essa recuperação, por sua vez, depende dos segmentos que se mantêm como os grandes empregadores. É o caso da construção civil, para o qual o horizonte permanece esfumaçado. O mercado voltado para as classes de média e alta renda continua travado por várias razões. Quem adquiriu imóveis na planta até 2014 na expectativa de revende-los com bom lucro levou uma cacetada na cabeça quando a bolha imobiliária estourou.  Incorporadores e construtores, endividados junto aos bancos para concluir as obras contratadas, viram-se diante de uma avalanche de distratos no momento da entrega dos imóveis, quando esperavam concluir as vendas. Ficaram sem di