Pressa inimiga

Pressa inimiga

POR GEORGE VIDOR
Vender separadamente usinas da Eletrobras e outros ativos seria melhor negócio para o país
Privatizar é de fato o caminho para tirar a Eletrobras da areia movediça em que a empresa está atolada. É também a forma de livrá-la da sanha e da cobiça doentia de grupos políticos, fornecedores, corporações internas, além de blindá-la de iniciativas imbecis como as que foram adotadas durante o governo Dilma. No entanto, o modelo que o governo cogita para a privatização certamente não é o mais inteligente. Atende apenas necessidades imediatas de caixa do Tesouro Nacional, o que é igualmente duvidoso, pois o processo vai gerar inúmeras demandas e o dinheiro desaparecerá como pó lançado ao vento.
A Eletrobras tem muito patrimônio que, se vendido separadamente, vai gerar caixa para a empresa, tapar seus rombos e render bons dividendos ao Tesouro, sem contar com o benefício da valorização das ações da companhia no mercado. Exemplo são as participações em sociedades de propósito específica criada para a construção de hidrelétricas, usinas térmicas e eólicas nos últimos anos. São usinas que já em operação, faturando. E a venda pode ser feita testando-se o apetite do mercado, que anda bem guloso, a julgar pelo aconteceu no leilão das ex-hidrelétricas da Cemig na semana passada.
Já está mais que na hora também de se privatizar as distribuidoras estaduais de energia que foram federalizadas (Alagoas, Piauí, Rondônia, Acre, Amazonas e Roraima). Até dando de graça isso será um bom negócio para a Eletrobras. Há exceções, mas a maioria só delas só dá dor de cabeça para a holding em face dos calotes que essas distribuidoras sofrem, até mesmo dos governos estaduais e das prefeituras.
Há outras questões específicas que complicam a privatização a holding em si. É complicado segregar a energia oriunda das usinas nucleares e de Itaipu. Não é possível vender tal tipo de energia aos preços voláteis de mercado. Existem "otras cositas mas": as companhias transmissoras de energia vão receber um caminhão de dinheiro a título de compensação (o que será, obviamente, cobrado de todos nós, consumidores). Só Furnas tem a receber R$ 10 bilhões. E o governo espera arrecadar R$ 20 bilhões com a perda do controle acionário da Eletrobras. Então se trata de uma questão aritmética, e não ideológica. Em tempo: o setor elétrico é complexo demais para se fazer experimentos. Vide o que aconteceu no governo Dilma, cuja conta pagaremos ainda por anos a fio;     
65 anos
Chegar aos 65 anos tem a vantagem de se pagar um pouco menos de Imposto de Renda, usufruir da gratuidade no transporte público e poder estacionar nas vagas reservadas para idosos. Pelas estatísticas, em média os homens têm cerca de 19 anos de sobrevida a partir dos 65 e as mulheres 20 anos. Até que não é mau. Entretanto, é preciso ter consciência que não existe almoço grátis, e que todos os benefícios por receber pesarão sobre os mais jovens. As pessoas com mais de 60 anos já representam quase 15% da população brasileira. Deveriam ser as mais solidárias com as reformas – como a da previdência - que tentam minimizar os impactos, sobre as contas públicas, desse processo de envelhecimento da população. 
Palocci
Antonio Palocci surpreendeu como Ministro da Fazenda. Nomeou uma equipe técnica competente, composta por pessoas que não conhecia. Médico, seus conhecimentos de economia eram empíricos, acumulados na vida prática de prefeito de Ribeirão Preto e depois como deputado federal. Conseguiu conduzir uma política econômica abominada por seus companheiros de partido, e sobre a qual o próprio presidente Lula tinha sérias dúvidas. Foi uma decepção quando se envolveu no episódio do caseiro, por causa de fraquezas do coração, o que o levou a deixar o Ministério. Depois, novas decepções, quando ficou evidente, já no governo Dilma, que se envolvera profundamente em esquemas de corrupção. Agora Palocci teve uma oportunidade de se redimir. Pelos seus últimos depoimentos, talvez se possa acreditar que está voltando a ser o que foi no Ministério da Fazenda, disposto a colaborar para o país superar esse quadro político nauseante.
De Portugal
Depois do Alentejo e do Douro, a investida de vinhos portugueses no mercado brasileiro vem da região de Setúbal. Muito perto de Lisboa (até com ligação por trem urbano), Setúbal tem um porto movimentado e muita gente tem optado por morar lá e trabalhar na capital portuguesa. Duas pontes (25 de abril e Vasco da Gama) sobre o rio Tejo também a aproximam de Lisboa. De vido a características de solo e clima, a região, que é banhada pelo mar e pelo rio Sado, tem uma tradição milenar na produção de vinho. Os mais famosos são os licorosos (Moscatel), mas os brancos e os tintos de Palmela surpreendem pelo preço atrativo e a qualidade. Acompanhados de queijo de azeitão, fazem um sucesso. Em face da investida, as vendas dos vinhos de Setúbal cresceram mais de 16% este ano no Brasil.

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