Meus restaurantes preferidos em Moscou

Meus restaurantes preferidos em Moscou

POR GEORGE VIDOR
Essa é para minha querida colega Luciana Froes ir lá conferir e atestar se é verdade: o meu ranking pessoal dos restaurantes em Moscou, que é reduzido, pois não tive tempo suficiente lá para fazer uma grande farra gastronômico.
Algumas observações preliminares: tudo é caro para nós hoje na Rússia, inclusive a comida. Mesmo com a forte desvalorização sofrida pelo rublo (a parida atual é de aproximadamente 1 dólar americano para 60 rublos, um euro para 70 rublos).
Nos tempos do comunismo, quase não havia restaurantes. As pessoas comiam nos refeitórios dos locais de trabalho e nas escolas. Então, e for a Moscou buscando um pequeno restaurante, familiar, de comida típica, não vai encontrar, pois simplesmente nunca existiram e ainda não houve tempo para que surgissem.
Então, os restaurantes hoje existentes são aqueles que haviam sido criados pela URSS para receber excursões de turistas (com comida sofrível), que não se livraram totalmente da cultural estatal, ou os novos, nas mãos de investidores e de empresas.
É surpreendente que o serviço seja muito bom nesses novos restaurantes. Tudo funciona bem. Mas os cardápios tendem à comida internacional ou francesa; há poucos pratos tipicamente russos.
No meu ranking, o primeiro da lista, disparado, é o White Rabbit. Fica na avenida Smolenky (um dos anéis viários de Moscou), na qual desemboca (ou inicia?) a famosa Rua Arbat. Para chegar ao restaurante é preciso passar por dentro de um shopping e pegar dois elevadores. Fica no alto e tem uma bela vista, inclusive para o quase em frente Ministério das Relações Exteriores, um dos seis arranha-céus da era stalinista (o sétimo foi construído em Varsóvia). Um exemplo bem interessante da arquitetura soviética, de profundo mal gosto. Aliás, como eram ignorantes os líderes soviéticos sobre tudo que envolvia arte. Dentro do Kremlin – cujo conjunto de prédios é uma pérola para a humanidade – há uma construção tipo “moderna”, obviamente de mau gosto, onde eram realizados os confresso0s do partido comunista. Agora serve para shows, exposições, eventuais congressos. Ficou como um marco da era soviética, para que as pessoas não se esqueçam desse período besta-fera.
Guarde dinheiro para gastar no White Rabbit, pois lá tudo valerá a pena. Começando com os minis sanduíches com caviar de esturjão. Para mim foi nota 10. E só tem gemente bonita (os sociológicos não explicam essa relação: porque dinheiro faz todo mundo ficar bonito? Rsrsrs). Serviço impecável.
No segundo lugar, ponho o restaurante Bolshoi. Não existia há sete anos. No lugar, funcionava uma área administrati8va do Teatro, um desperdício.  O restaurante é muito bom, serviço idem, mas vc corre o risco de ter a seu lado alguém mafioso. Perto da minha mesa tinha pessoas que estavam acompanhados de seguranças, daqueles que a gente vê em filmes sobre a máfia russa. É possível tomar apenas um chá no restaurante, que funciona até tarde.
A terceira sugestão é o Bosco Café, instalado no GUM (o supercentro comercial da Praça Vermelha). O Bosco tem uma varanda envidraçada virada para a Praça Vermelha e para as muralhas do Kremlin. A família Bosco tem um monte de lojas no GUM, cuja sigla é, em tradução livre, as iniciais de “Armazéns Gerais do Estado”. No Bosco pode-se comer os pratos russos, tipo estrogonofe ou a sopa borscht (ao estilo deles), sem susto. O apfelstrudel é maravilhoso. Preços medianos, para os padrões moscovitas, embora esteja em plena área turística.
No mesmo patamar, ponho o Most (escreve-se MOCT, em russo, que quer dizer ponte), vizinho ao restaurante Bolshoi, que deriva para a cozinha francesa, mas com elementos demais nos pratos (o chef quer mostrar tudo que sabe em cada prato...); o Vogue Café, na mesma região, que é um local bem badalado; e o Café Puchkin. Este vale mais pelo ambiente do que pela comida. Tem um andar que eles reproduzem uma antiga farmácia; em outro, uma biblioteca, que foi onde comemos. Não peça o estrogonofe lá. Uma das pedidas são pequenas tortas salgadas que servem de entrada.

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