Dramático

Dramático

POR GEORGE VIDOR
O Estado do Rio tem uma situação financeira que se parece com a Grécia. A folha de pagamentos não cabe na arrecadação
É muito triste, mas a dura e dramática realidade é que a folha de pagamentos dos servidores (ativos, inativos e pensionistas) não cabe mais no que o Estado do Rio de Janeiro consegue arrecadar. Uma situação como essa não pode passar em branco, e o difícil é discuti-la a fundo no clima beligerante que envolve a situação financeira do Estado. Não é de hoje que a folha ultrapassou o chamado patamar prudencial. No entanto, o uso inadequado dos royalties do petróleo, de maneira permanente, camuflou o problema.
 Pela legislação, os royalties não podem ser destinados a gastos correntes, como pagamento dos servidores, compra de esparadrapo, giz, combustível, etc. Como é recomendado para esse tipo de receita, finita, e que merece ser usufruída também por gerações futuras, royalties e participações especiais na produção de petróleo devem se destinar a investimentos. Mas há uma brecha na legislação: royalties podem servir também para pagamento de dívidas – pois isso permite ao Estado contrair novos financiamentos e realizar investimentos, como ocorreu com o empréstimo para a construção da Linha 4 do metrô.
Podem ainda capitalizar o fundo previdenciário que é formalmente responsável pelo pagamento de servidores inativos e seus pensionistas. "Capitalizar" é um eufemismo, nesse caso, pois o dinheiro entrava por um lado e saia quase que imediatamente pra cobrir a folha de pensões e aposentadorias. Esse mecanismo deixou o Estado, contabilmente, em uma situação confortável quanto ao cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece percentuais máximos de comprometimento da receita líquida disponível (já descontados os valores transferidos obrigatoriamente aos municípios) com a folha de pagamentos dos servidores. Os elevados preços do petróleo, na faixa de US$ 100 por barril, deram uma folga financeira ao Estado. Porém, o preço caiu pela metade e a produção se estagnou em face da crise da Petrobras. Resultado: o governo estadual passou a destinar cada vez mais recursos de suas demais receitas para cobrir o rombo do fundo previdenciário.
Agora não dá mais para pagar a folha dos servidores ativos, cobrir o rombo do fundo, saldar as dívidas e manter a máquina funcionando, tudo ao mesmo tempo. O cobertor ficou curto. Todo o mês algo fica descoberto. Mesmo que a situação melhore, o Estado levará anos para pôr em dia as contas atrasadas.
O Estado carrega um desperdício crônico nos seus gastos correntes. A corrupção também agravou esse desperdício. Todavia, o tamanho da folha é tão grande que mesmo deixando de pagar as demais despesas, já não sobra dinheiro suficiente para pagar o funcio0nalismo. A data de pagamento anda para frente porque o Estado vai avançando sobre receitas que teoricamente serviriam para o mês seguinte. Um quadro dramático. Daí que a solução de curto prazo caminha para uma saída tipo Grécia: corte de benefícios (que lá chegou a 40%do valor das aposentadorias, em alguns casos), aumento de contribuição previdenciária e qualquer outra coisa possível para diminuir a folha. O funcionalismo está inconformado e se pergunta: por que não foram tomadas providências antes? A gravidade da crise da economia brasileira surpreendeu a todos, é verdade. Mas, há décadas a situação financeira do Estado do Rio é ruim. Aumentar impostos será um tiro no pé. A carga tributária do Estado do Rio já é uma das mais altas entre os entes federativos. Empresas baterão em retirada, com perda de empregos e, no fim das contas, queda de arrecadação.
Azeitado
O Brasil é o quarto importador mundial de azeites. Em 2008, pela primeira vez foram produzidos vinte litros de azeite no Sul de Minas. Na safra deste ano a produção brasileira atingiu 52 toneladas, predominantemente no Rio Grande do Sul, que está seguindo a trilha do vizinho Uruguai. Ainda que iniciante, o Brasil é um dos países onde a produção mais cresce no planeta. E o mais interessante é que se trata de um azeite de boa qualidade.
O azeite é um dos alimentos mais fraudados no comércio mundial. Por isso, muita atenção ao escolher o produto, alerta Marcelo Scofano, especialista que ensina tudo sobre azeite aos alunos dos cursos de gastronomia do Senac-RJ e também consultor de uma rede de supermercados carioca. Os apreciadores de azeite geralmente se preocupam mais com o teor de acidez do produto, mas, segundo Scofano, esse nem sempre é o aspecto mais importante. O azeite é um produto que, diferentemente do vinho, envelhece mal. O ideal é consumi-lo o mais perto possível da safra de oliva. No caso do Brasil, a colheita termina em março. Considerando-se o tempo necessário para envasa-lo e distribui-lo, estaríamos agora na época própria para consumir o jovem azeite brasileiro. Na Europa, é preferível consumir azeites do primeiro semestre.
A informação sobre a data de envasamento quase sempre aparece no rótulo, embora em muitos casos não haja qualquer referência à safra. Em um país tropical, depois de aberto, o azeite deve ser consumido em 50 dias. Ou seja, de nada de ficar poupando uma garrafa aberta de azeite só porque ele é bom.
Conhece-se um bom azeite tanto pelo sabor como pelo aroma. Fraudado ou velho, o gosto de outros óleos vegetais sobressai. Azeites frutados, que tenham um leve sabor picante e até um certo amargor costumam ser os melhores. Ao se misturar com os alimentos, as enzimas eliminam essas características que poderiam ser encaradas como negativas à primeira vista no bom azeite.
Antes condenado, o azeite aparece cada vez mais como um alimento saudável, que ajuda a digestão e, portanto, a emagrecer e a baixar a glicemia no sangue. Como tudo na vida, em excesso é que causa problemas à saúde. Então, aproveitem.

Comentários