Mais uma equação

Mais uma equação

POR GEORGE VIDOR
A aposentadoria por idade é a regra que mais se aproxima da filosofia da previdência social
Depois de estabelecido um teto para expansão dos gastos públicos – o que ainda depende de aprovação do Senado, em duas votações, previstas para dezembro – a etapa seguinte do ajuste fiscal terá de ser necessariamente uma reforma na previdência, porque há um desequilíbrio ameaçador nessas contas. Para aprovar a reforma o governo terá de convencer o Congresso a restabelecer o princípio que norteia todo sistema previdenciário desde que o chanceler alemão Otto von Bismarck o concebeu no século XIX, preocupado com a velhice dos trabalhadores braçais: aqueles que trabalham se solidarizam com os que perdem a capacidade de trabalhar.
Na previdência social, pelo modelo que o Brasil adota (repartição dos recursos arrecadados), ninguém poupa para si mesmo, e esse princípio é difícil de ser compreendido, pois todo mundo acha que tem direito assegurado a benefícios exatamente por haver contribuído durante anos a fio. Infelizmente não é assim que o sistema funciona. Quem trabalha contribui apenas para terceiros. E terá que esperar que outros venham a contribuir em seu em favor quando se aposentar.
É preciso então que haja uma relação equilibrada entre o número dos que contribuem e os que recebem benefícios (aposentados e pensionistas). Em vários estados, por exemplo, o número de beneficiados equivale hoje ao de contribuintes. Ficou impossível fechar a conta usando-se os percentuais de contribuição vigentes. E mesmo no regime geral (INSS), há cada vez menos contribuintes para cada aposentado e/ou pensionista.
Como é que se ajeita essa equação? O percentual de contribuição de empregados e empregadores teria de ser aumentado em dois pontos percentuais, pelo menos. E isso apenas no curto prazo. No médio prazo, só voltando ao princípio que inspirou o sistema, com mais gente contribuindo para aqueles que efetivamente perderam a capacidade de trabalhar. A não ser por motivo sério de saúde, ninguém perde a capacidade laboral na faixa dos 50 anos, admitindo-se exceções nas categorias profissionais expostas à insalubridade e outros perigos, além de atividades fisicamente exaustivas. Magistério não é atividade insalubre, a não ser que se considere como tal o ambiente que se dissemina nas escolas de áreas urbanas degradadas.
A aposentadoria por idade, respeitando-se um certo período mínimo de contribuições (40 a 45 anos), é a que melhor se encaixa nesse princípio. Nos tempos atuais, considerando-se a crescente longevidade da população, é razoável definir a idade de 65 anos, para homens e mulheres, indistintamente, para se requerer a aposentadoria. Alguma fórmula de transição terá de ser considerada para aquelas já passaram dos 50 anos. Isso porque as atuais regras do mercado de trabalho não são amigáveis para quem chega aos 60 anos. Muita gente pode ficar fora simplesmente por falta de opção, por não arranjar emprego e nem ocupação. É um problema que não atinge os servidores públicos, que só perdem emprego em situação de hecatombe financeira (como a que se aproxima, sem a reforma).
A previdência complementar tem crescido exatamente porque é um sistema pelo qual as pessoas poupam para si mesmos. Mas para tal, há que se ter alguma capacidade de poupança, um enorme desafio para quem em renda média mensal inferior a R$ 2 mil.
Na veia
 Os laboratórios de análises clínicas e outros prestadores de serviços médicos sentiram este ano um baque devido à perda de participantes pelos planos de saúde. No Rio, esse baque foi ainda mais forte por causa da crise financeira da Unimed carioca. Mas mesmo assim a rede Lafe conseguiu se expandir, tornando-se mais presente na Zona Sul e na Barra da Tijuca. A Lafe surgiu após uma decisão do Cade em relação à concentração de mercado. Herdou parte de laboratórios que ficaram sob o manto de um mesmo grupo controlador. No entanto, a disputa continua acirrada n esse mercado. Para se manter no setor, a saída é inovar, tanto no atendimento (eles garantem que fazem a coleta de sangue com um tipo de seringa que o paciente não sente a picada...) como em novas parceria, a exemplo da que Lafe fez recentemente com a Perinatal, destacada maternidade particular da Barra e de Laranjeiras.
Na política
Palpite de quem se esforça para encontrar alguma sanidade na política: mesmo antes do primeiro turno as pesquisas já indicavam que o Senador Crivella seria eleito prefeito do Rio. O grau de rejeição dos candidatos apontado nas pesquisas mostrava que haveria pouca migração nas preferências dos eleitores de diferentes correntes. E não deu outra, fenômeno evidenciado pelo crescimento das abstenções e dos votos nulos e em branco.  Bastou para Crivella consolidar o eleitor já conquistado no primeiro turno. Uma parte do eleitorado do Rio, tanto à direita como à esquerda, sente necessidade de seguir algum “messias” na política. Na esquerda, o deputado Freixo vem exercendo esse papel de conduzir seu povo pelo deserto, empolgando principalmente os jovens (que têm uma natural indignação – ainda bem - contra as mazelas da natureza humana) na Zona Sul.  É um contingente que pode elegê-lo senador ou deputado federal dos mais votados em 2018, mas não em número suficiente para governador.

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