Para sessentões

Para sessentões

POR GEORGE VIDOR
Regras mais

flexíveis no mercado de trabalho serão necessárias para manter sessentões empregados

na transição da reforma da previdência



A reforma da

previdência proposta pelo governo prevê um período de transição de até vinte

anos para que as novas regras estejam em pleno vigor. Durante essa fase serão

necessários ajustes na legislação trabalhista para estimular tanto empregadores

como empregados a retardar a aposentadoria. A legislação atual não permite

redução de salário nominal e nesse caso, mesmo em comum acordo, empregadores e

empregados não se sentem seguros de manter o contrato com redução de jornada de

trabalho, o que seria uma forma de atender os interesses de ambas as partes.



Pelas regras

atuais, é difícil manter a empregabilidade de pessoas que chegam aos 60 anos.

Muitos executivos acabam se aposentando e voltam ao mercado como consultores ou

prestadores de serviços, deixando de contribuir para a previdência, na

contramão do objetivo da reforma, que é o de retardar a aposentadoria.



Com o passar

do tempo, for força do fechamento da janela demográfica, o número de jovens

disponíveis no mercado vai se reduzir tanto em termos relativos como em números

absolutos. Será inevitável que o mercado venha a se interessar também por

sessentões para trabalhar. Porém, talvez isso venha ocorrer dentro de 15 a 20

anos, exatamente o período de transição da reforma da previdência. Até lá,

regras mais flexíveis na legislação trabalhista seriam necessárias.



Benefícios fiscais e emprego



 A principal argumentação da indústria do Rio

de Janeiro em favor da continuidade dos benefícios fiscais é a geração de

emprego.  Quando uma nova indústria se

instala em qualquer local, ou expande suas atividades, efetivamente agrega

riqueza e gera mais empregos, o que nem sempre acontece com o comércio ou o

setor de serviços. A abertura de um supermercado pode significar o fechamento

de vários armazéns em uma localidade, e assim por diante. A indústria

certamente tem um efeito multiplicador bem mais forte.



Atrair novos

projetos industriais relevantes sem concessão de benefícios fiscais tem sido

uma tarefa quase inglória, pois a disputa é travada entre diferentes entes

federativos, no que se tornou conhecido como "guerra fiscal". Os incentivos

fiscais são co9ncedidos para compensar desvantagens de infraestrutura,

deficiências de mão-de-obra, ambiente de negócios pouco atraente, etc. Por

muitos anos o Estado do Rio foi governado por políticos hostis ao investimento

privado. O Rio mergulhou em uma decadência econômica e social alarmante e a

reversão desse quadro só foi possível a partir de 1995 coma concessão de incentivos

fiscais, que atraíram, por exemplo, a fábrica de caminhões da Volkswagen (agora

MAN), a Peugeot-Citroën, a Guardian, o polo petroquímico de Duque de Caxias, a

CSA ThyssenKrupp, o complexo industrial-portuário do Açu, e mais recentemente

as unidades da Nissan e da Land Rover. Não fosse a política de incentivos

fiscais, a região de Três Rios – que não recebe royalties do petróleo – teria

desaparecido do mapa, massacrada pela dinâmica industrial da vizinha Juiz de

Fora, em Minas Gerais.



Agora o

Estado do Rio enfrentará o pior dos mundos, pois manterá uma carga tributária

elevada, continuará com deficiências de infraestrutura, e ainda sob um clima de

crescente insegurança pública. A solução para o depauperado tesouro estadual

certamente não está na redução do número de contribuintes futuros. A Assembleia

Legislativa do Rio, pressionada pelo corporativismo, enveredou pela demagogia e

resolveu reinventar a lógica econômica.



Murchou



A

participação do Brasil nos negócios da Odebrecht já minguou para 15%. Na média,

sempre girou em torno de 30% (no melhor momento no mercado brasileiro,

provavelmente ao que se refere grande parte dos fatos relatados nas delações

premiadas de seus diretores, atingiu 35%). Uma das mudanças estratégicas

cogitadas pelo grupo seria levar a sede para Miami (Flórida), numa tentativa de

dar um epílogo a essa vexaminosa história de caixa 2 e corrupção.



Antídoto



Mais de 50%

dos acidentes nas rodovias brasileiros envolvem motoristas profissionais. Nos

acidentes com morte esse percentual atinge 70%. Por essa razão praticamente

todos os estados brasileiros tornaram obrigatório o exame toxicológico

periódico para motoristas dessas categorias, pois, para enfrentar jornadas

prolongada dirigindo, o uso da cocaína virou quase uma epidemia. O exame já

repercute positivamente, já que o número de acidentes graves, coincidência ou

não (a crise econômica também reduziu o movimento nas estradas), vem

diminuindo. De julho para cá, o teste – feito a partir de um pelo do corpo ou um

fio de cabelo – detectou presença de drogas em apenas 2,5% dos examinados. No

entanto, cerca de um terço dos motoristas profissionais deixou de renovar

carteira ou mudou de categoria para fugir do exame. Dentro de cinco anos, todo

o universo de motoristas profissionais no Brasil terá passado por esses testes

e certamente usuários de droga estarão fora da atividade, na previsão de Márcio

Lieberbaum, presidente do Instituto de Tecnologias para o Trânsito Seguro.



Um feliz

Natal a todos!

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