Válvulas de escape

Válvulas de escape

POR GEORGE VIDOR
A exportação e o embarque de usinas eólicas fizeram o movimento no porto de Salvador crescer 9% este ano
A crise da economia brasileira não pegou todos da mesma maneira, e há até quem tenha conseguido crescer ao meio desse panorama tumultuado. O movimento do terminal de contêineres de Salvador aumentou 9% de janeiro a julho deste ano em comparação a igual período de 2015. E não é porque a Bahia esteja passando ao largo da crise. Pelo contrário, a região metropolitana de Salvador é uma das que registram atualmente os mais elevados índices de desemprego.
 O resultado do terminal é produto de investimentos em equipamentos, ampliação do cais e no acesso ao porto – que era o pior do país, nesse caso, e se tornou o melhor, com uma via expressa que reduziu em quase uma hora o tempo que os caminhões levavam entre o polo industrial de Camaçari e o terminal marítimo.
O movimento na importação despencou (-16%), mas em compensação o da exportação cresceu 24% e o da cabotagem 8%. Na média, o número de contêineres movimentados evoluiu 9% de janeiro a julho. Navios que fazem a ligação com a China e grande parte da Ásia não atracam em Salvador. Geralmente passam pelo Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, aportam em Santos, seguem para Buenos Aires, e na volta fazem escala apenas em Santos e em Itaguaí, no Rio de Janeiro. Por isso, o algodão produzido no Oeste da Bahia percorre mais mil quilômetros por terra para ser embarcado em Santos ou Paranaguá, já que não há em Salvador navios disponíveis para transportá-lo. A escala na Bahia alongaria a viagem em cinco dias e meio, o que não economicamente vantajoso para os armadores.
Em contrapartida, surgiram novas cargas para a cabotagem, com navios que fazem a ligação entre portos brasileiros, conquistadas do transporte rodoviário. De Salvador agora partem para o Rio Grande do Sul muitos equipamentos de usinas eólicas, fabricados no estado: grandes aero geradores e pás gigantescas que compõem os "moinhos de vento".
Julho e agosto, especificamente, não foram meses bons. De qualquer forma, este ano Salvador se consolidará como o principal porto do Nordeste na movimentação de contêineres para exportação e importação. Nesse segmento, o movimento é maior que a soma de todos os demais na região.
Projeto âncora
No início de novembro o AquaRio abre suas portas ao público. Peixes e outros animais marinhos já estão de ambientando aos tanques onde poderão ser observados através de telas de acrílico. A maior de todas, gigantesca, tem 15 centímetros de espessura. O aquário está com aproximadamente metade da sua lotação. Os peixes têm de ser levados aos poucos para os tanques, depois de passar por uma necessária quarentena, durante a qual são avaliados por uma equipe técnica. O maior investidor no empreendimento é o grupo que já administra o Parque Nacional do Iguaçu e o centro de acolhimento de visitantes do monumento do Cristo Redentor. O AquaRio espera receber de 800 mil a 1 milhão de visitantes por ano, cobrando de R$ 40 (meia entrada) a R$ 80 de entrada, com pacotes promocionais para famílias e moradores do Estado do Rio.
Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos deram à região revitalizada do porto do Rio a projeção essencial para atrair novos empreendimentos comerciais e residenciais. A infraestrutura está quase pronta e a região está ganhando vida com o ir e vir dos visitantes. Mas é preciso levar para lá outros projetos "âncora", como o do AquaRio, para sustentar esse movimento durante todos os meses do ano. Um dos candidatos a prefeito sugere a criação de um centro de convenções de porte médio, em parceria com o setor privado. É uma ideia.
Farejou uma oportunidade
Pelos cálculos dos incorporadores, cada ponto percentual de queda na taxa de juros anual do crédito imobiliário permite uma redução de R$ 1 mil na renda média mensal exigida das famílias que adquirem imóveis financiados pelos bancos, o que amplia consideravelmente o número de potenciais compradores. Mas, enquanto a queda dos juros não se concretiza (e parece que ficará mesmo para 2017, à espera que se confirme a tendência de a inflação recuar para dentro da meta oficial, cujo teto é de 6,5%), o mercado imobiliário vai buscando saídas. A construtora Gafisa identificou, por exemplo, uma oportunidade na Tijuca, tradicional bairro carioca de classe média. Pelo levantamento que a empresa fez, há menos de cem imóveis novos em oferta no bairro, conhecido pelo apego dos próprios moradores. Chamados tijucanos, são os únicos que têm gentílico reconhecido em toda a cidade. Nenhum carioca é copacabanense (e ipanemense ainda não colou de todo).
Em terreno que pertencia à Ordem Terceira, antes ocupado por uma vila de casas, a construtora vai edificar um condomínio de apartamentos, na faixa de R$ 600 mil. Além de itens de lazer que lançamentos desse tipo costumam oferecer hoje em dia, uma pesquisa junto a potenciais investidores mostrou que a construtora deveria privilegiar questões de segurança no projeto. Uma empresa desenvolveu um aplicativo no celular com esse único objetivo para os futuros moradores do condomínio. 

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