Pés no chão

Pés no chão

POR GEORGE VIDOR
Se continuar prevalecendo o bom senso no Banco Central, as taxas básicas de juros continuarão em ritmo de queda
Não é de todo impossível que a inflação acumulada em doze meses chegue a ficar abaixo do piso (3%) da meta governamental em algum momento. Ao fim deste ano a maioria dos analistas prevê inflação entre 3,5% e 3,9%. Ou seja, inferior ao centro da meta, de 4,5%. E tudo isso ao meio de um quadro político conturbado, embora o Congresso dê sinais que, com Temer ou sem Temer, aprovará as reformas que o país precisa (previdência e trabalhista). Não faria então qualquer sentido o Banco Central continuar submetendo a economia brasileira a um arrocho monetário desnecessário. As taxas de juros permanecem exorbitantes. Neste momento que o Brasil precisa estimular a retomada de investimentos prolongar o arrocho seria um ato de sadomasoquismo.
Felizmente a atual diretoria do Banco Central vem dando demonstrações de que anda com os pés no chão. Não desconhece que o ritmo de recuperação da economia está vagaroso demais. O consumo está anêmico. E ninguém vai pensar em investir mais na produção enquanto tiver opções financeiras tão atrativas. Os bancos também já poderiam estar mais empenhados na renegociação de dívidas de devedores que estão com a corda no pescoço, porém ansiosos por ficar em dia com suas obrigações. Enfim, nessa questão dos juros o que todos agora dependem é de bom senso.
Maricá no mapa
Pela praia de Jaconé, ainda em Maricá mas quase chegando a Saquarema, passará o trecho terrestre do duto da Rota 3, que transportará gás extraído de poços da Bacia de Santos para a futura unidade de processamento do Comperj, em Itaboraí. E ali mesmo é que outro projeto, cujo investimento total será de alguns bilhões de dólares, aguarda liberação para um novo terminal portuário especializado no transbordo de petróleo de embarcações médias para navios gigantes.
A razão da escolha do local – que o ex-prefeito Eduardo Paes, do Rio, desdenhou em conversa privada e depois pediu desculpas públicas - é a profundidade natural nessa parte da costa do Estado do Rio de Janeiro. Voltado para o sul, as correntes vindas da Antártida escavaram o litoral após a separação dos continentes, há muito muito tempo, e a poucos metros da praia já existe um calado de 30 metros. O mar é forte nessa região. Então o terminal precisará de um quebra-mar para criar a área abrigada onde os navios atracarão. As pedras para o quebra-mar serão retiradas do morro contíguo, formando cavernas que servirão para armazenar petróleo e até combustíveis, um sistema desenvolvido por escandinavos. Uma das cavernas foi oferecida como depósito de combustível para a Marinha de Guerra, por se tratar de local fechado, mais protegido de supostos ataques aéreos ou terrestres.
A licença prévia já foi concedida pelos diferentes órgãos do Rio de Janeiro. A licença de instalação também está em andamento, embora o ministério público venha se posicionando contra o projeto, em tese para proteger um setor que ficará fora da área de operação do terminal. Os advogados contratados pelo grupo investidor argumentam que não há interesse arqueológico nesse trecho – atestado pelo Iphan – e nem qualquer outra questão que contrarie a legislação.
Durante a obra, três mil empregos serão criados. Em menos de dois anos o terminal estará em funcionamento. Está previsto mais um ano de obra para a construção de um terminal de contêineres lá mesmo. A operação do terminal ficará a cargo da maior empresa internacional especializada no ramo. E várias companhias petrolíferas manifestaram firme interesse em utilizar o terminal para transbordo do petróleo proveniente da Bacia de Santos.
A empresa de engenharia DTA – que projetou grande parte dos novos terminais portuários no país - é dona da propriedade em Jaconé (onde havia um campo de golfe, com previsão de um empreendimento imobiliário, descartado pelo antigo proprietário, a Brookfield). Trata-se de um terminal com uma área de retaguarda relativamente pequena para um terminal portuário, que estará mesmo mais voltado para a exportação de petróleo. A vizinha Ponta Negra e mesmo Jaconé continuarão sendo praias para banhistas que se arriscam a enfrentar mar forte. Tomara que haja um entendimento rápido para o projeto sair do forno. O Estado do Rio está precisando desse tipo de investimento, que reduzirá consideravelmente o custo de transporte da produção brasileira de petróleo. 
E viva Ângela
Os que conhecem Ângela Costa, tanto na vida empresarial como à frente de entidades que participou, não têm dúvidas que a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) voltará a desempenhar um papel importante no cenário político e econômico do Estado. Ângela ganhou as eleições (39 votos contra 25) e já assumiu a presidência da ACRJ. Optou por uma solenidade discreta, interna. Os tempos não são de badalação, mas de muito trabalho e dedicação.

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