Investimento garantido

Investimento garantido

POR GEORGE VIDOR
Em troca na renovação ou extensão do prazo de concessão, já investimentos previstos para as ferrovias existentes
Diferentemente das rodovias federais, o governo está inclinado a renovar as concessões das principais ferrovias. As concessionárias têm capacidade de investimento, mas isso depende de um ajuste nos contratos, porque no caso de patrimônio permanente (novos traçados, etc) tudo reverterá para a União ao fim da concessão. Mas tais investimentos podem ser “trocados” pela extensão do prazo de concessão, de modo que o investidor usufrua mais dos benefícios resultantes do capital que aportar nas ferrovias que mantêm e exploram.
Entre os investimentos previstos está o anel ferroviário que contornará São Paulo. Em relação à MRS, especificamente, o governo do Estado do Rio também fez algumas exigências, como a eliminação de várias passagens de nível (pois a ferrovia cruza várias cidades fluminenses), e a construção de um ramal ferroviário até o Comperj, em Itaboraí, pois isso facilitará a instalação da futura ferrovia Rio-Vitória, com aproveitamento de partes de trechos já existentes. A MRS já concordou com a proposta. 
De grão em grão
O Porto do Açu, em São João da Barra (Norte do Estado do Rio), já é o sexto do Brasil em movimentação de cargas. No ano passado, mil embarcações aportaram lá; nos cinco primeiros meses de 2017 foram mais de 700. O que parecia um devaneio de Eike Batista (que hoje detém apenas 0,19% do capital da Prumo, a empresa do fundo americano EIG, que assumiu o empreendimento, com 77%) movimenta 16 milhões de toneladas de minério de ferro ao longo do ano, faz transbordo de milhões de barris de petróleo originários da Bacia de Santos, está se tornando a maior base de navios de apoio a plataformas que operam na Bacia de Campos, abriga um terminal de combustível para embarcações e conta com mais um terminal multiuso.
O grande estaleiro da OSX – empresa de Eike – ficou mesmo na intenção, mas parte das instalações construídas foram arrendadas pela Prumo para uma companhia integradora de plataformas e embarcações para a indústria do petróleo.
Contando com as indústrias que já funcionam no Açu, há quatro mil pessoas trabalhando no complexo portuário. Mas são muitos os que apenas estão de passagem ou fazem trabalhos temporários. Tanto assim que um hotel com quatrocentos quartos e um centro comercial começarão em breve a ser construídos por um grupo hoteleiro (o principal cliente deve ser a Edison Chouest, operadora de navios de apoio às plataformas, pois hoje é a empresa que mais ocupa as pousadas da região).
O gás natural disponível da Bacia de Santos deve viabilizar uma termelétrica prevista para o Açu, uma usina que tem até licença ambiental. Mas a ideia é que a termelétrica comece a funcionar com GNL (gás natural liquefeito) importado. Antes só a Petrobras tinha gás natural para ofertar. Agora o mercado não depende apenas da estatal, pois Shell e Galp têm muito gás para vender e precisam de novos clientes. O gás da Bacia de Santos já chega a Macaé, que fica muito perto do Açu.
Os acionistas da Prumo ainda não conseguiram tirar do empreendimento um tostão do que investiram. Além do fundo EIG, o Itaú e o fundo Mubdala ficaram com parte das ações que pertenciam a Eike.  Outros investidores institucionais estão “micados” com os papéis que compraram nos tempos da bonança do grupo EBX. A quantidade de ações efetivamente disponível para negociação é relativamente pequena, o que acaba provocando muita oscilação nas negociações em bolsa. Mesmo assim, há uma queda de braço entre a EIG e acionistas minoritários por causa da tentativa de fechamento de capital da Prumo.
Portuguesa
 O déficit público (total) de Portugal já caiu para o equivalente a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.  Pelas regras do Tratado de Maastricht, as nações que aderiram ao euro não podem ter déficit que ultrapasse 3% do PIB. O ajuste nas contas públicos em Portugal começou para valer em 2014.
Desafio do desenvolvimento
A economia da Amazônia sempre foi mais voltada para fora, como um corredor de “exportação” voltado a outras regiões do país ou ao exterior. Uma das razões talvez seja o mercado consumidor local ser incipiente, em face das atividades econômicas não reterem renda lá. Mas naquela imensidão existem cidades de todos os tamanhos, com graves problemas de infraestrutura. A região metropolitana de Belém é a que tem o maior percentual de famílias (53%) vivendo em moradias “subnormais”, como o IBGE gosta de classificar favelas e habitações sobre palafitas. O Instituto Dialog, em parceria com o Pnud e a ONU Habitat, vem trabalhando nessa questão, com um foco mais socioeconômico. Esta semana apresentará em  seminário na capital paraense uma proposta que batizou como “ ecossistema de fundos”, com finalidade de proporcionar mais entrosamento entre os setores público e privado.   

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